Sala de Estar

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Dianne fez questão de me acompanhar à porta, apesar de não dizer eu sabia que ela tinha medo que me sentisse mal pelo caminho. Bastante lá no fundo até me sentia reconfortado com isso, queria dizer que ela se importava comigo. - Eu estou bem - garanti-lhe uma última vez dando-lhe um beijo na testa. - Vai - ela fez o que eu lhe pedi e eu entrei em casa, sendo alvo da fúria e a da preocupação da minha mãe, não podia culpa-la.
-Vais descansar, vou dar-te comprimidos para dormir e nem penses em contrariar-me Jayden Harries Grant! Tu precisas disso. - apenas assenti dando-lhe um beijo na bochecha, começando a subir as escadas até ao meu quarto.

Tirei a camisola que tinha vestido no carro e de seguida as calças, ainda pensei ir tomar um banho, mas a primeira coisa que precisava era de dormir ou ainda me acontecia alguma coisa lá. A minha mãe correu apressada até a mim cheia de comprimidos nas mãos - Aqui, toma já este, já sabes de três em três horas se continuares assim e os da dor de cabeça estão aqui e... estes - olhou-os - Estes são para dormir se não conseguires, não tomes muitos - disse agarrando-se à mala para depois me ajudar a deitar.
-Mãe, eu estou bem, eu consigo deitar-me - sorri-lhe puxando as mantas para cima de mim - só vou precisar o da dor de cabeça - ou não, também ia precisar do que tinha que tomar de três em três horas. Ela olhou-me desconfiada mas como não tinha tempo para mais nada apenas me deu um beijo na testa e voltou a repetir tudo enquanto saía do meu quarto. Assim que me livrei dela, passei as mãos pela minha testa enquanto me sentava, esticando-me para todos os comprimidos, menos os de dormir e tomei-os como ela tinha dito, voltando a deitar-me e agarrando-me às almofadas.

Antes de sair mesmo da empresa, passei pelo bar, comendo lá uma sandes qualquer e um sumo. Eu nunca tinha muita fome e tinha um corpo para manter, não podia abusar. Desci, indo até ao parque de estacionamento e entrei para o carro, ligando-o e conduzindo em direcção à casa de Jayden. Provavelmente ele ia achar estranho eu saber onde é que ele vivia, mas eu podia sempre inventar que tinha perguntado. Sim, porque eu sabia onde ele vivia mesmo antes de ele me conhecer. Eu sabia quase tudo sobre eles, ou pelo menos, sabia o suficiente para os deitar abaixo. E era só isso que eu queria. Estacionei assim que lá cheguei, saindo logo do carro e ajeitei o vestido enquanto caminhava para a porta. A partir de agora ia ser uma Ivy preocupadamente sexy. Não que realmente me preocupasse, porque isso não acontecia, mas tinha de ser. Ajeitei a minha mala ao ombro e toquei à campainha, ficando à espera que alguém me viesse abrir a porta. Eu só espera, mesmo, que ela não estivesse cá. Por favor, tudo menos isso.

Eu não era estúpida nem burro, eu tinha a noção de que a cada dia que passava eu estava a piorar e, tendo a sorte que eu tenho sempre, não havia dadores para mim, pelo menos não tão facilmente como para os outros e eu estava no topo da lista. Segundo os meus médicos, eu podia dar o meu sangue a toda a gente, mas só podia receber do meu tipo. Era mesmo sortudo, toda a gente pensava que sim, que era, mas eles não sabiam o que era sorte. Estava quase a adormecer quando ouvi a campaínha. Suspirei agarrando-me às mantas, só esperava que não fosse para mim, não queria fingir que estava bem, porque agora estava mesmo mal, só precisava de dormir.

*empregada fofa*

Coloquei a vassoura a um canto da casa e dei uns saltinhos até à porta abrindo-a até ver uma rapariga jovem à entrada. Sorri-lhe quando ela fez o mesmo.
-É para o menino? - se ele me visse era capaz de me matar, ele odiava que lhe chamassem menino. Era Jayden, mas eu tinha sempre este vício.

Suspirei impacientemente quando demoraram a vir abrir, mas limitei-me a continuar quieta e com o meu ar sereno. Não podia dar nas vistas. Levantei o olhar para a porta assim que ela se abriu e vi uma senhora do outro lado. Pela roupa que trazia vestida, ou melhor, pela farda, dava para perceber que era empregada. Tinha pena dela. Dirigi-lhe um pequeno sorriso, recebendo depois um em troca e assenti com a cabeça à sua pergunta.
- Sim, ele está? - tentei soar o mais amável possível.

Assenti muito com a cabeça quando me perguntou se ele estava, mas mordi o lábio, ele devia estar a descansar, quando tinha passado por mim, não parecia lá muito bem. Se bem que esta rapariga parecia uma amiga muito.. Ri-me para mim própria e deixei que ela entrasse para fechar a porta logo a seguir - acompanhe-me - disse pedindo-lhe que viesse atrás de mim. Subi as escadas esperando que ela fizesse o mesmo e assim que chegámos ao seu quarto eu bati ouvindo a sua voz perguntar quem era.
-É a Margaret - disse abrindo a porta - tem uma visita.

*Jay

Abri os olhos com um suspiro, tinha uma visita. Rapidamente me sentei na cama e espreitei pela porta quando Margaret a abriu. Arregalei ligeiramente os olhos ao ver Ivy e rapidamente me levantei.
-Obrigado Mar - murmurei dando-lhe um beijo na testa quando lá cheguei, virando-me depois para Ivy - como é que vieste cá parar? - perguntei fazendo uma careta.

Fiquei à espera que a mulherzinha me dissesse para entrar, mas em vez disso ela ficou a olhar-me, rindo-se baixinho depois. Levantei uma sobrancelha, enquanto a olhava, mas fingi que não tinha reparado em nada, limitando-me a segui-la quando finalmente entrei. Subi as escadas atrás dela, só parando à porta do quarto do riquinho e sorri assim que ele se aproximou de nós, olhando para mim depois de agradecer à empregada.
- Obrigada.- agradeci-lhe também. Eu merecia um óscar, no mínimo, era uma excelente atriz. Voltei a olhar para Jayden, sem desfazer o meu sorriso e encolhi ligeiramente os ombros.- eu tenho os meus contactos.- brinquei.- podias ao menos fingir que estás feliz por me ver.- fingi resmungar e empurrei-o para dentro do quarto, entrando também e fechando a porta.- como é que estás? Eu vi-te ficar meio estranho no gabinete do teu pai.- mordisquei o lábio, como se estivesse realmente preocupada.

Fechei a porta antes dela me empurrar e deixei-me cair na minha cama olhando-a por uns segundos. - Eu estou feliz por te ver - acabei por sorrir apenas um bocadinho - só não estava à espera. Fiquei sentado a olha-la, sem saber muito bem o que fazer, tudo o que queria era dormir. - Eu estou bem - disse nequanto assentia - só me doi a cabeça. - encolhi os ombros - por causa de ontem e isso. - menti.

Fiz um sorriso todo convencido quando ele disse que estava feliz por me ver e pousei a minha mala em cima do cadeirão que ele tinha no quarto, aproximando-me dele. 
- Isso é tudo por causa da tua falta de estofo, não é patrãozinho? - pousei uma mão na sua testa, medindo-lhe a temperatura e sorri brincalhona.- eu percebo, acontece aos principiantes.- eu hoje ia tentar não ser muito mázinha, precisava que ele se interessasse, não que se afastasse.- deita-te.- pedi.- eu vou por-te bom.

Levantei as sobrancelhas quando falou em falta de estofo - não, não sejas convencida - disse fechando os olhos quando senti a sua mão congelada na minha testa. Deitei-me tal como ela me disse e fechei os olhos mal a minha cabeça caiu na almofada. Ela devia ir-se embora não era ver-me assim. Como eu detestava que me vissem assim. Puxei as mantas para cima do meu corpo e tapei-me até ao nariz, ficando só com os olhos de fora.

Revirei os olhos quando me chamou convencida e abri a boca para lhe responder, mas depois lembrei-me que tinha de ser simpática e por isso, limitei-me a ir até à casa de banho. Vasculhei até encontrar uma espécie de taça e peguei na mesma, enchendo-a com água. Peguei numa toalha e voltei para o quarto, rindo-me ao vê-lo todo tapado.
- Eu já te vi em estados mais despidos, podes estar à vontade.- disse, tocando-lhe com um dedo na testa e baixei-lhe ligeiramente as mantas, para que respirasse.- tens frio? - perguntei enquanto molhava a toalha na taça e espremi-a, retirando o excesso de água, e pousei-a depois na sua testa com cuidado.

Não consegui não sorrir - tu és tão... - não consegui acabar, não tinha palavra para isso. Deixei que ela descesse as mantas mais para baixo e abri os olhos para a olhar abanando a cabeça - sabes que não precisas de fazer isso -disse num tom mais baixo que o habitual sentindo o meu corpo arrepiar-se de quente e frio, tudo ao mesmo tempo, quando ela colocou a toalha na minha testa. Assenti à sua pergunta -só preciso de dormir. - murmurei de olhos fechados.

- Irresistível, eu sei.- disse com um ar todo convencido e ri-me, abanando a cabeça. Eu era terrível. Passei a toalha molhada pela sua testa, vendo-o encolher-se todo e encolhi os ombros ao que ele disse.- eu sei, mas eu estou aqui não estou? Então é porque estou a fazer isto porque quero.- olhei-o.- aproveita que não é todos os dias.- voltei a molhar a toalha, espremendo-a e pousei-a de novo sobre a sua testa.- dorme patrãozinho, vai fazer-te bem.- puxei as mantas para o tapar melhor, aconchegando-o.

Não deixei de rir, abanando a cabeça - não era isso que eu ia dizer - disse de olhos fechados, puxando as mantas todas para cima de mim de novo. Sim eu tinha bastante frio e ainda bem que a minha mãe tinha ido trabalhar. De vez enquanto isto acontecia e ela ficava logo toda maluca. Abri os olhos para Ivy e assim que ela me aconchegou eu recostei a cabeça à almofada.

Semicerrei os olhos quando ele se riu e passei o pano pela sua cara, espremendo-o depois.
- Não precisas de desmentir, vê-se a léguas que é isso que achas.- disse toda convencida. Calei-me, ficando apenas a passar-lhe a toalha pela cara e sorri quando ele se aconchegou. Eu até dava para enfermeira.- dorme bem.- murmurei baixinho, debruçando-me para roçar os meus lábios nos seus.- sonha comigo e vais ver como isto te passa logo.- ri-me baixinho.

Não disse mais nada sobre o assunto da inocência apenas lhe dei um olharzinho para mostrar que não concordava com que ela dizia, apesar de saber que ela estava a brincar.
Passei as mãos pelo cabelo, também um tanto nervoso. Não era que apresentar Ivy me pusesse nervoso, não era nada disso, era mesmo por ir ver a minha mãe, já sabia como é que ela era, ia começar com as coisas dela e Ivy ia perceber que havia alguma coisa de errado comigo. - Não te preocupes está bem? - perguntei-lhe - vai correr tudo bem, ela é simpática - beijei-lhe os lábios e ri-me - claro que te vou dar beijinhos. - fui de mão dada até à sala e como não estava lá ninguém presumi que já estivessem a tomar o pequeno almoço, tal como eu tinha dito. Assim que entrei lá a minha mãe levantou o olhar sorrindo ao ver-me, mas logo fazendo uma expressão mais séria, não por causa de Ivy - podes dizer-me porque é que não vieste dormir a casa? Tens a noção de quantas vezes te liguei. - Suspirei e ia responder-lhe mas ela continuou - não tens muito bom aspecto, passou-se alguma coisa? - e aí sim, calou-se. Não disse nada sobre a sua última pergunta.
-Não, mãe. Desculpa. Eu dormi em casa da Ivy. É a minha namorada.
-Eu sabia - foi a ver do meu irmão falar fazendo-me fazer um pirete. A minha mãe desviou o olhar de mim para Ivy, surpresa, como se fosse a primeira vez que a visse e acabou por sorrir - olá Ivy, eu não estava nada à espera que o meu filho alguma vez trouxesse uma rapariga cá à casa e ma apresentasse como namorada.

Sorri levemente contra os seus lábios, assentindo a tudo o que me disse e segui sempre encostada ao seu corpo, até entrarmos finalmente em sua casa. Sentia o coração prestes a saltar-me do peito. Só queria voltar a trás e enfiar-me em casa, para não ter de estar a passar por isto. Apesar de amar Jayden, mesmo muito, isto era mais difícil do que aquilo que ele conseguia imaginar. E o mais difícil ainda era que, se ele descobrisse, tudo isto poderia colocar a nossa relação em casa. Precisava de lhe contar o mais rápido que pudesse. Como já conhecia a sua casa, uma vez que já lá tinha estado, limitei-me a segui-lo, sem prestar grande atenção ao espaços por onde passávamos. Além disso, tinha a cabeça demasiado a mim para reparar nisso. Parei, quando Jayden fez o mesmo, e foi então que a vi. Os seus olhos, a sua cara, o seu corpo..as suas mãos..sim, principalmente as suas mãos, tinham sido elas a matarem o meu pai, aliás, tinha sido toda ela a matá-lo. Cerrei o maxilar, tentando respirar fundo sem que dessem por isso e fechei os olhos apenas durante breves segundos, para impedir as lágrimas e sequer emergirem. És apenas uma namorada Ivy, lembra-te disso. Sim, eu ia ter de esquecer que aquela mulher tinha morto o meu pai e agir como se nada fosse. Sim, totalmente fácil para mim. Despertei dos meus pensamentos, assim que a vi ficar mais séria, e ainda pensei que fosse pelo mesmo motivo que eu, mas rapidamente a ouvi falar com Jayden, perguntando porque é que ele não tinha passado a noite em casa. Porquê? Não aguenta os remorsos de ter morto uma pessoa e então precisa sem de alguém por perto?
O meu subconsciente dizia-me para parar, mas eu só o consegui efectivamente quando o olhar dela parou em mim. Era agora, precisava de ser mais forte do que tudo isto. Forcei um sorriso, quando ouvi o que ela me disse e apertei ligeiramente a mão de Jayden, dirigindo também um sorriso ao seu irmão.
- Sinto-me lisonjeada.- disse.- e espero valer a pena.- assenti, acariciando-lhe a palma da mão.- o Jayden diz-me coisas maravilhosas sobre si, é um prazer conhecê-la finalmente.

O sorriso da minha mãe passou para mim de novo, assim que ela ouvi a voz de Ivy. Conhecia-a demasiado bem para saber que aquilo era bom e mau. Ela ia dizer alguma coisa sobre Ivy assim que ela saísse dali. Suspirei por dentro e abanei a cabeça - não são assim tão maravilhosas - desmenti como que para ela não ficar tão convencida. A minha mãe riu-se e afastou-se de nós - venham juntar-se à mesa, temos o pequeno almoço servido e isto é demais só para nós os dois.
-Não é para mim, eu podia comer isto tuuuudo - falou o meu irmão fazendo-me rir.
-Come, ias ficar com dores de barriga e aí sim, eu ia-me rir. - gozei com ele vendo-o ficar com cara de amuado.

O sorriso daquela mulher era algo que me provocava um nojo maior do que aquilo que seria de esperar. Como é que ela conseguia sorrir quando o meu pai estava morto e enterrado, completamente sem vida? Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, tentando controlar toda a raiva que sentia e tentei manter-me minimamente a par do que se estava a passar naquela sala, acabando por despertar quando ouvi a sua mãe dizer-nos para nos sentarmos.
- Obrigada.- agradeci, voltando a dirigir-lhe um outro sorriso e desviei depois o olhar para o seu irmão, rindo-me com a cara que fez depois de Jayden implicar com ele.- não te preocupes Francisco, se ficares com dores de barriga eu cuido de ti.- semicerrei os olhos a Jayden.- de qualquer das formas, não convém comeres muito, ou deixas de estar jeitoso para a tua namorada. - brinquei, esperando que Jayden se sentasse para fazer o mesmo.

Seitei-me numa das cadeiras ao lado de Ivy, não tinha sitio para me sentar, normalmente fazia as minhas refeições sozinho, com as empregadas. Passei uma mão pelo cabelo, visto que a minha cabeça estava em água e preparei-me para começar a tomar o pequeno almoço, ouvindo Ivy dizer que tomava conta do meu irmão se ele ficasse doente. - Ai sim? Então e porque é que não deixas a namorada dele tomar conta dele e não tomas conta tu de mim? - perguntei e apesar de estar a falar baixo a minha mãe intrometeu-se, como seria de esperar.
-É verdade, tens que cuidar muito bem dele, temos aqui um rapaz bastante sensível, como deves saber.
-Mãe - resmunguei entre dentes. - Não. - pedi para ela parar e ela apenas encolheu os ombros.

Acabei por me sentar, vendo Jayden fazer o mesmo pouco depois e tentei de tudo para olhar o menos possível para a sua mãe. Não podia simplesmente ignorá-la, uma vez que era a mãe do meu namorado e eu acabara de a ''conhecer'', mas também não precisava de a idolatrar como se fosse uma espécie de heroína, porque não era. Aliás, para mim, era tudo menos isso.
Ainda que estivesse meio perdida nos meus pensamentos, acabei por despertar quando a voz de Jayden soou perto do meu ouvido, o que me fez olhá-lo e mostrar-lhe um sorriso assim que percebi do que falava.
- Isso são tudo ciúmes Jayden Grant? - respondi-lhe no mesmo tom, por pensar que aquela era uma conversa apenas entre nós os dois, mas logo percebi que não, quando a voz da sua mãe se fez ouvir. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, evitando suspirar de forma audível e acabei por ser obrigada a olhá-la, assentindo ao que me dizia. Sim, eu lembrava-me da cicatriz de Jayden e do seu porquê, e também sabia que se passava mais alguma coisa, apesar de ele não me contar.- eu sei.- murmurei.- e eu vou fazer de tudo para cuidar bem dele.- disse.- eu amo o seu filho, o que mais quero é que ele esteja bem e seja feliz.- murmurei, procurando pela mão de Jayden debaixo da mesa e acabei mesmo por olhá-lo, dirigindo-lhe um sorriso.

Assenti positivamente com um sorriso e beijei-lhe o queixo, ouvindo um som de nojo vindo do meu irmão, como já seria de esperar dele. - Estás para aí a fazer sons mas com a tua namorada já dás beijos, que eu bem vi, por isso não comeces.
-Vocês são tão românticos e nhanha - ri-me do que ele disse olhando depois para Ivy com uma sobrancelha levantada, já ela tinha respondido à minha mãe. Passei uma mão pela sua beijando-lhe o ombro e tive que me afastar para comer alguma coisa
-Não venhas com esses assuntos mãe, ela cuida bem de mim, melhor do que qualquer outra pessoa - ela mandou-me um olhar algo enciumado, que me fez rir nada, mas não retirei o que disse. - vamos comer!

Sorri assim que senti o beijinho de Jayden, esticando-me para lhe dar um na testa, e olhei depois para Francisco, acabando por me rir com a expressão com a qual ele nos olhava.
- Quando fores mais velho vais gostar de beijinhos.- olhei-o, semicerrando os olhos logo de seguida.- se é que já não gostas agora.- brinquei com ele.- e eu e o teu irmão só somos muito românticos porque gostamos mesmo um do outro, um dia vais perceber.- disse-lhe, deixando-me estar o mais perto de Jayden que consegui e só voltei a olhar para a sua mãe quando o meu namorado lhe deu a entender que eu tomava melhor conta dele do que ela. E aí sim, eu não me importei minimamente de a olhar. Sim, eu tratava-o muito melhor, sem dúvida alguma. Controlei a minha vontade de lhe mostrar um sorriso superior e limitei-me apenas a sorrir a Jayden, afastando-me depois, ainda que muito ligeiramente, para que ele pudesse comer à vontade. Como não tinha grande fome, tirei apenas algumas cerejas para o meu prato e coloquei um bocadinho de sumo no meu copo.

A minha mãe olhou para as horas e depois para nós - Come mais Ivy, não tenhas vergonha - levantou-se - Jay, eu tenho que ir para o hospital, - veio aproximar-se de mim e dar-me um beijo na testa - dá-me um bip se precisares de alguma coisa, ou então para o Paul, sabes que ele também está sempre...
-Mãe - chamei-a para que ela parasse de falar e estique-me até lhe dar um beijo na bochecha - está tudo bem, vai embora - sorri-lhe sentindo uma carícia na bochecha e depois de um sorriso a Ivy começou a sair.
-Eu volto cedo hoje, avisa se não dormires em casa - pediu já na sala de estar. Não lhe respondi porque não valia a pena e comecei a comer morangos.