Sala de Estar

Entrei atrás dela e assim que senti o quentinho da sala de estar soltei os braços. - Sim, aceito comer alguma coisa - sorri-lhe amavelmente.

Olhei-o sorrindo quando me disse aquilo. - Então vem comigo à cozinha. - pedi. Era mais fácil, achava eu.

Voltei com ele para a sala de estar e sentei-me no sofá grande numa das pontas para que ele se sentasse ali também, se assim quisesse. - Oh, estava apenas a brincar contigo, mas já que fazes tanta questão depois posso ensinar-te... - sorri. - Se aprender alguma coisa de jeito. - fiz uma careta.

Segui atrás dela e reparei que ela se sentou na ponta do sofá grande, sentei-me mesmo ao lado dela, ignorando o facto deste ser mesmo grande. - Faço muita questão sim, queria saber fazer mais que ovos mexidos! - ri-me. - Vais aprender que eu sei.

Coloquei as pernas à chinês como tinha mania de fazer sempre que me sentava no chão de minha casa. - Sempre é melhor isso do que morrer à fome. - ri-me. - Eu também não sei fazer muito mais.. - admiti com uma careta.

-Um dia que venha cá com mais tempo combinamos e vamos para um curso de cozinha os dois, combinado? - sorri-lhe e encostei-me no sofá bocejando.

Assenti com a cabeça. - Claro. - sorri timidamente. - Achas que os teus amigos não se chateiam se ficares aqui? - perguntei preocupada, não queria mesmo que ele arranja-se problemas.

-Não têm razão para se chatearem. - descansei-a. - Acho-te é muito corajosa por aceitares um estranho como teu guardião. - ri-me.

Olhei para ele e voltei a sorrir timidamente. - Oh, eu acho que não sejas um maluco qualquer... - ri-me. És tão parva, Anne.

- Eu sei que não sou um maluco qualquer - ri-me. - e fico contente que tu aches isso... - olhei-a nos olhos - mas pronto...quem garante que não estou a mentir? - brinquei tentando assusta-la.

Olhei para ele, nos olhos também com um ar de confiada mas depois lá lhe sorri. - Pelo que mostraste até agora, não me parece.

-Fica descansada, meto as mãos no fogo por mim. - gargalhei e pisquei-lhe o olho. Encostei a cabeça no sofá e fiquei a olha-la.

Sorri-lhe e peguei no comando da televisão começando a passar os canais para ver o que estava a dar em cada um. - Vai um filme? - perguntei parando no canal dos filmes que por acaso ia começar um agora.

Tentei decifrar o que é que dava em cada canal enquanto ela os passava rápido de mais e assim que vi que ia começar um filme num deles ia avisa-la mas Anne teve o mesmo pensamento que eu e parou de fazer zapping - Sim, estava mesmo a pensar nisso. - ri-me.

- Venho já. - levantei-me e fui apagar as luzes da sala e aproveitei para trazer uma pequena manta. Okay se calhar devia ter trazido duas porque era um pouco pequena. Voltei a sentar-me no sofá a seu lado e estendi a manta por cima de nós.

Parei o filme enquanto Anne foi apagar a luz e reparei que trouxe apenas uma manta estendendo-a sobre nós. Cheguei-me mais para perto dela para que a manta me cobrisse também e comecei a ver o filme.

Não me importei minimamente quando se chegou mais para junto de mim, porque acho que já conhecia um pouco dele. A meio do filme acabei por deixar cair a minha cabeça no seu ombro e não tardei a adormecer.

Admito que aquilo não era filme de raparigas, reparei no desinteresse de Anne e na parte mais empolgante do filme - a meu ver - senti-a pousar a cabeça no meu ombro e adormecer. Não consegui conter-me e beijei a sua cabeça aconchegando-a a mim continuando a ver o filme.

Ainda estava meia acordada quando o sentir beijar a minha testa, o que achei querido da sua parte. Assim que me aconchegou mais para si, também o fiz puxando a manta mais para cima.

De vez em quando acariciava os cabelos de Anne com cuidado para que ela não acorda-se. Ela já dormia à mais de uma hora quando o filme acabou. Sorri com o final do mesmo e desliguei a televisão olhando-a. Nenhum sinal de estar acordada, por isso enrosquei-me também no sofá e acabei por adormecer.

Ouvi uma coisa tocar que nunca mais se calava, abri os olhos lentamente e vi que estava tão próxima de Ryan, tinha dormido praticamente colada a ele, e era o telemóvel dele que tocava em cima do sofá. - Ryan... - chamei com a voz meia ensonada.

Acordei meio atarantado com Anne a chamar-me meio ensonada. Confesso que nem percebi porquê só quando olhei para o lado contrário é que reparei que o meu telefone estava a tocar.
- Sim? - disse mal toquei no sinal verde para atender.
-Tô, Ryan? - perguntou Marcus, era fácil distinguir a voz dele.
- Sim, diz... - esfreguei os olhos enquanto falava.
- Onde estás? Viemos ter contigo ao teu hotel mas desapareces-te... - olhei para a janela e só aí me apercebi que já era de manhã.
- Auhmmm..eu não dormi aí...já aí vou ter. Até já. - desliguei o telemóvel sem lhe dar tempo para responder e endireitei-me sobressaltado.

Voltei a reconfortar-me no sofá puxando uma almofada para mim. - Deves estar todo partido... - comentei pegando no meu telemóvel para ver as horas. Não era muito tarde para também não era cedo. - Já vi que tens de ir... queres comer algo, antes?

Espreguicei-me um pouco mas só senti uma pequena dor no pescoço. - Nem por isso, o teu sofá é confortável - ri-me. - Só me doí um bocado o pescoço. - admiti. - Sim..tenho..mas aceito o convite para comer alguma coisa antes de sair. - sorri, não me queria fazer de oferecido mas todos os minutos a mais que pudesse ficar com ela eu aceitaria.