Oceanário

Sorri-lhe e afastei-me dali indo novamente para a zona dos peixes tal como ele me indicara. Aproximei-me e fiquei a ver se ele voltava.

Emergi e retirei novamente o tubo respirando o ar com cheiro a cloro. - Gostas-te? - lambi os lábios e passei a mão pelo cabelo.

- Gostei muito muito. - disse quando ele voltou. - Deve ser lindo estar aí dentro. - sorri-lhe muito.

Saí do tanque e fui buscar um fato. - Gostaste assim tanto que estás disposta a fazê-lo? - movi as sobrancelhas e sorri vendo a sua carinha. - Agora podes ser tu a dizer, que é lindo estar ali dentro - apontei para o tanque.

Fiquei a olhar para ele quando foi buscar um fato. - Claro que gostava. - sorri olhando-o. - Mas... agora agora? - perguntei com cara de parva.

- Não, amanhã quando os peixes te chamarem - gozei. Entreguei-lhe o fato. - Quer ajuda com isso? - perguntei tentando não fazer da pergunta um gesto tarado.

Ri-me e revirei os olhos. - Ok então amanhã. - gozei com ele e dei-lhe um leve empurrão na brincadeira. - Sim quero. - disse.

Assenti. - Convém tirares a roupa e ficares só com a interior - disse. - Queres ir para o armário ou é já aqui? - gozei. Peguei numa botija com os tubos e numas barbatanas e coloquei tudo ao seu lado.

- Armário. - disse rindo-me e apontando para lá. Peguei nas coisas e fui até ao armário sendo seguida por ele. Entrei no armário e puxei-o comigo lá para dentro. Comecei a despir-me, ao menos aquilo estava escuro.

Mordi o lábio e segui-a. Senti levemente o calor que irradiava do seu corpo, mas o meu fato não me deixava senti-lo como deve ser. - Queres que desaperte qualquer coisa? - ri-me.

- Não. - disse arregalando os olhos. - Quero é que apertes o fato. - depois de me despir vesti o fato e virei-me de costas para ele o apertar.

Gargalhei. - Apertado! - exclamei depois de o fazer. - Anda cá - puxei-a para ficar de frente para mim e sorri-lhe. - Levanta o pescoço - pedi colocando a botija às suas costas e os tubos à volta do seu pescoço. Peguei nos óculos e entreguei-lhe. - Tudo pronto? - sorri.

Deixei-me ficar quieta enquanto ele me punha tudo aquilo. - Humm humm acho que sim. - disse sorrindo-lhe toda entusiasmada. Saimos do armário e fomos novamente até à zona onde tinhamos estado anteriormente.

Sorri-lhe de uma maneira diferente. - Bora lá - coloquei os óculos e o tubo de respiração na boca. Mergulhei e rapidamente subi até à superfície para saber de Jules. - Estou à tua espera - disse depois de tirar o tubo para poder falar.

- Estou a ir. - ri-me e coloquei também os oculos e o tubo. Mergulhei também lá para dentro e sorri-lhe.

- Agora pões o tubo na boca e respiras por lá, ok? - perguntei de relance. - Vá, bora - fiz sinal para baixo e coloquei eu o tubo mergulhando. Via Jules atrás de mim, sorrindo cada vez que a olhava.

- Sim. - disse e fiz o que ele me disse um bocado a medo. Nunca tinha feito aquilo e era um bocado... assustador. Respirei fundo e fui atrás dele entrando no fundo da água. Olhei em volta vendo os peixes e ri-me.

Fiz cambalhotas para trás assim como os golfinhos que lá se encontravam. Fingi-me a segredar com um apontando repetidamente para Jules, como se estivéssemos a falar dela.

Ri-me do que ele estava a fazer e revirei os olhos, nadei para mais perto dos peixes mais pequenos enquanto sorria e por um bocadinho tirei o tubo da boca colocando-o novamente logo de seguida ao começar a sentir-me um bocado atrapalhada.

Gargalhei ao vê-la toda inexperiente. Fiz com a mão, o sinal de 'ok' como que perguntasse se estava tudo bem.

Abanei que sim com a cabeça para lhe dizer que estava tudo bem e continuei a mergulhar indo cada vez mais para o fundo.

Fui outra vez até à janelinha para ver os putos agrupados que vinham em visitas de estudo. Acenei-lhes.

Fui atrás dele e ri-me para as crianças que estavam do outro lado do vidro. Segui o exemplo do Oliver e acenei-lhes também.

Sorri e fiz sinal a Jules que ia subir. Subi para limpar os óculos e beber um pouco de água, potável. Coloquei de novo os óculos e voltei lá para baixo não vendo Jules.

Quando ele subiu à superfície nadei para uma parte mais afastada para ver melhor outros peixes que por ali nadavam. De repente comecei a ter dificuldades em respirar pois o oxigénio parecia estar a deixar de existir. Aquilo não deveria estar a acontecer... Engoli em seco começando a entrar em pânico, tirei o tubo da boca mas só piorei a situação porque ao tentar respirar só sentia água e mais água a entrar-me para dentro da boca. Olhei em volta à procura do Oliver mas não o via, esbracejei tentando subir para a superfície mas não conseguia pois o meu corpo começava a não me obedecer. Comecei a sentir-me fraca e a minha visão começou a desaparecer. Quando finalmente vi o Oliver a vir na minha direcção os meus olhos fecharam-se e perdi os sentidos.