Iraque

Desencostei a minha cabeça da sua quando o senti desencostar-se ligeiramente de mim e sorri levemente, percebendo o que ele ia fazer. Rocei o meu nariz no seu, sentindo depois os seus lábios nos meus e passei as pontinhas dos dedos pela sua bochecha, dando-lhe um leve beijinho, por causa de Ben, ainda não tinha bem a certeza se ele se ia importar ou não. Ainda tinha de pensar numa forma de Daniel poder vir connosco. Desviei o olhar para Ben, assim que a sua voz me fez despertar e abanei logo a cabeça à sua pergunta, puxando-o para ao pé de nós.
- Tu nunca vais estar sozinho.- murmurei.- se nós não pudermos ficar contigo tu ficas com o meu avô até voltarmos.- disse.- ele vai tomar conta de ti, eu prometo-te.

Assenti com a cabeça enquanto olhava para Ben como que a dizer que ele estava a dizer a verdade e sorri quando o vi fazer o mesmo.
-Está bem - disse ele agarrado ao meu casaco - e ele é bom? - perguntei - não magoa pois não? - perguntou. Juntei as sobrancelhas e desta vez respondi eu.
-Claro que não, achas que te mandávamos para lá se ele fosse mau? - ele sorriu e veio agarrar-se aos nossos pescoços.

Sorri quando terminei de falar, por me parecer que tinha conseguido convencê-lo mais ao menos e quando ouvi a sua pergunta, reprimi um revirar de olhos, o meu avô era a pessoa mais inofensiva à face da terra. Já tinha morto, era certo, mas tinha sido a sua obrigação, tal como era a minha agora. Deixei que Daniel falasse, sorrindo com o que disse e assenti, passando uma mão pelas costas de Ben depois de se ter vindo abraçar a nós.
- Não tens de te preocupar, está bem? - virei a cara, beijando-lhe a bochecha.- nós vamos sempre, mas sempre proteger-te.

Deixei a minha cabeça cair no ombro de Ben ficando ele a abraçar-me (a mim e a Brad) em vez de ser eu a abraça-lo. Suspirei passando as mãos pelas suas costas, sentindo as de Brad por baixo da minha. Eu não sabia o que é que acontecia se acontecesse alguma coisa a algum deles. Se perdesse Brad morria em combate, logo no primeiro segundo, era certo, mas se fosse a Ben já era outra história e apesar de não estar connosco há muito tempo, eu sempre tive a necessidade de o proteger. Se algo lhe acontecia..

Juntei as sobrancelhas quando Daniel se encostou a mim e a Ben, deixando de abraçar o pequeno e cheguei-me mais para junto dos dois, rodeando o corpo de Daniel apenas com um braço, encostando-o mais a mim.
- Anima-te princesinha.- disse, tentando picá-lo para que se animasse.- eu e o pirralho não gostamos de te ver assim.- sorri ao de leve e olhei para Ben.- pois não?

Levantei a cabeça quando ele me chamou de princesinha e semicerrei-lhe os olhos - não me chames isso - resmunguei dando-lhe um pequeno empurrão ouvindo Ben rir-se e abanar a cabeça.
-Eu não gosto - disse ele vindo agarrar-se ao meu pescoço. Abracei-o durante uns segundos dando-lhe festinhas no cabelo.
-Então se não gostas vai tomar um banho, estás todo porquinho.

Ri-me ao sentir o pequeno empurrão de Daniel e percebi que tinha resultado. Sorri todo espertinho e pisquei-lhe o olho quando desviei o olhar na sua direcção.
- Então anima-te, princesinha.- encolhi os ombros, vendo Ben abraçar-se a ele e semicerrei os olhos.- não abuses.- brinquei, passando depois a mão pelo seu cabelo. Soltei uma gargalhada quando pôs a língua de fora para mim, mas nem disse nada, ouvindo Daniel mandá-lo tomar banho.- sim pirralho, cheiras mal.- piquei, sendo a minha vez de lhe meter a língua de fora.

Revirei os olhos quando me voltou a chamar princesinha e voltei a semicerra-lo - eu juro que te bato se me voltas a chamar isso - disse-lhe muito ameaçadoramente mas mais saiu um pedido amuado. Ri-me quando os vi os dois a meterem a língua de fora e revirei os olhos dando uma palmada no rabo de Ben para o mandar até à casa de banho, que apesar de suja ainda tinha água potável. Suspirei cansado e não me importei com o chão estar sujo, deitando-me nele.

Voltei a concentrar o meu olhar em Daniel, depois de me ter metido com Ben e foi impossível não me rir com a sua cara, era hilariante vê-lo assim todo irritadinho.
- Bates? - perguntei com um sorriso gozão.- tens força para isso prince..Daniel? - tentei manter a minha expressão, mas o riso fez com que ela se desvanecesse. Abanei a cabeça, parando depois antes que ele ficasse mesmo chateado e logo a seguir a Ben ter ido para a casa de banho, virei-me para Daniel, vendo-o deitado no chão. Deitei-me ao lado dele, colocando um braço atrás da cabeça e com a mão livre, toquei-lhe no peito.- eu estava a falar a sério quando disse que não gosto de te ver assim.- disse.- eu sei que não é fácil, mas eu prometo-te que vou fazer tudo por ti e por ele.- referia-me a Ben.- nada vos vai acontecer.

Semicerrei os olhos quando ele começou todo gozão e dei-lhe um murro no peito, sem força nenhuma, claro. Eu não era assim tão fraquinho, só não o queria magoar por isso diminuia involuntariamente a minha força. - Ri-te ri-te - amuei. Olhei-o de lado, vendo deitado sentindo logo de seguida o meu corpo estremecer com o toque dele no meu peito - Para de fazer promessas - pedi apenas.

Ri-me baixinho ao sentir o seu toque no meu peito, visto que tinha sido uma tentativa de murro muito falhada e cheguei-me mais para ele, encostando a cabeça no seu ombro.
- Não estejas amuadinho.- pedi.- ao menos se te provocar consigo que reajas.- encolhi os ombros de forma inocente, mas logo fiquei mais sério quando o ouvi pedir-me que não fizesse mais promessas. Levantei a cabeça, olhando para ele e mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, porque é que ele me estava a pedir aquilo? Eu..- não acreditas em mim? - perguntei de uma vez.- é por isso que não queres que as faça? Por achares que não vou cumprir?

-Um dia reajo a sério - semicerrei-lhe os olhos. Fiquei o resto do tempo calado enquanto ele parecia ficar pensativo. Olhei-o quando o vi levantei a cabeça e encolhi os ombros - não é isso. Só acho que aqui tudo pode acontecer. Podes ficar ferido, ele pode ficar ferido, eu posso ficar ferido. Não és tu que controlas tudo por isso não podes prometer, só tentar - voltei a encolher os ombros.

Ignorei a primeira coisa que disse e fiquei apenas a olhá-lo enquanto falava, mordiscando a parte de dentro da minha bochecha. Não gostava muito que ele não acreditasse nas promessas que eu fazia, pensava que ele sabia que eu ia fazer de tudo para as cumprir.
- Pensei que sabias que eu vou tentar de tudo para as cumprir.- acabei mesmo por dizer.- pensei que acreditavas em mim quando eu disse que não ia permitir que nenhum dos dois se magoasse.- desviei o olhar para a porta.- que vos ia proteger com a minha própria vida se fosse preciso.

Revirei os olhos quando ele começou a dizer todas aquelas coisas e suspirei. Sentei-me repentinamente e fui para cima dele apenas para lhe agarrar nos ombros e mais nada. - Eu sei que vais fazer isso tudo, ja me disseste e eu acredito em ti, mas eu também já te disse que há coisas que não se pode evitar - suspirei e deixei-me cair novamente ao lado dela - não és deus - fiz uma careta -ele nem existe. Ninguém consegue controlar tudo.

Fiquei a olha para a porta depois de ter falado e só voltei a desviar o olhar quando senti Daniel subir para o meu colo. Mordisquei o meu lábio, desviando o olhar para ele aos poucos e fiz uma pequena careta, ficando em silêncio enquanto o ouvia.
- Eu sou melhor do que Deus.- disse, apesar de já estar a falar na brincadeira e depois de ele se deixar cair ao meu lado, eu cheguei-me para ele.- só quero que acredites em mim, está bem? Eu vou tentar de tudo para vos proteger, tu sabes.- disse, virando a cara para ele, esticando-me depois até conseguir dar-lhe um beijinho.

Suspirei assentindo com a cabeça. Eu sabia que ele o ia fazer, mas tinha medo das consequências. Ele já tinha mostrado que trocava a vida dele para nos proteger e isso assustava-me, não o ia deixar dar a vida por mim, mas é que nunca mesmo. Por ele se ter aproximado de mim passando os dedos durante alguns segundos pelo cabelo deixando depois a mão cair sorrindo um bocadinho com o beijinho dele.

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