Estava um calor de morte para andar de skate mas isso nunca era um problema para nós. Dirigi-me a eles que estavam sentados a mudar as rodas dos skates etc..
- ÊÊÊH OLHEM O RYAN! GANDA RYAN APOSTO QUE TIVESTE A COMER A LOIRINHA ESTA NOITE! - disse Travis assim que me viu aproximar.
- Não Travis, não sou como tu, FELIZMENTE.- salientei o felizmente. Só não lhe dava um soco naquela cara porque o conheço à looongos anos. - A sério não me quero chatear com vocês parem lá com as bocas.
Dito isto reparei num grupo de raparigas com aqueles calções super curtos e topes super reduzidos entrarem no recinto de skate e percebi que obedeceriam à minha vontade. Pensei eu. Travis olhou para elas e voltou a provocar-me.
-Que tiveram a fazer então? A ver um filme? Cá para mim ainda és gay Ryan! - as raparigas que vinham a chegar ouviram e começaram-se a rir, vi o sorriso vitorioso no rosto de Travis e percebi que era aquilo que ele queria, fazer-se de grande.
- Foda-se puto, que é que tu queres? Deixa-me em paz, eu fodo-a quando EU quiser, beijo-a quando EU quiser, vejo um filme se EU quiser porque eu não sou tu. - disse mais irritado e espetei-lhe o indicador fazendo-o levantar-se e encarar-me. - Porque eu quero amar alguém e ser amado, não como e deito fora como tu! Nojento de merda. - cuspi para o lado para lhe mostrar o nojo que tinha desse seu lado.- Há de haver uma altura em que não vais ter ninguém e aí vais-me dar razão.- deixei o skate cair e preparei-me para sair dali.
Nenhum dos outros fez nada, era normal estas discussões entre nós, sorte que nunca terminavam em porrada.
- Já acabaste o teu discurso fofo Ryan? - disse Travis a rir.
- Já. - sorri-lhe cinicamente e virei-me colocando-me em cima do skate.
De repente senti alguém dar um pontapé no skate o que o fez rolar para longe fazendo-me perder o equilíbrio e cair no chão. Já habituado às quedas e ignorando as nódoas negras e os arranhões que devia ter levantei-me de repente e sem pensar levei um punho à cara de Travis com toda a força da raiva que tinha. Recebi outro de volta que me fez sentir os maxilares a estalar e um sabor a sangue brotou-me na boca.
- Hey hey hey, estão parvos? - disse Marcus afastando-me. - Ryan vai para o hotel tratar disso, já lá vou ter. - agarrei no maxilar como que a certificar-me que estava no seu lugar e assenti.
Nunca uma discussão nossa tinha ido longe de mais e como não queria andar mais à porrada com um dos meus melhores amigos de infância peguei no skate de forma bruta e caminhei em direção à saída olhando para trás de vez em quando. As raparigas com que Travis estava a fazer joguinho estavam agora de volta dele, ou melhor, em cima dele a tratar-lhe das feridas. Abanei a cabeça vendo no que ele se tinha tornado e fui directamente até ao hotel só pensando em Anne.