Geladaria.

Abanei a cabeça e olhei-a.
-Os meus pais devem estar a... sair de casa - menti baixando o olhar para o copo e agarrando-o levemente. Eles deviam estar era a chegar, mas não lhe ia dizer isso porque soaria demasiado estranho.

-Sim, não quero deixar a minha irmã sozinha. - fiz uma careta e dei-lhe um beijo na face. - Queres combinar alguma coisa para a noite? - perguntei.

-Queres ir onde? - perguntei olhando-a e dei-lhe um beijo na testa colocando o meu número de telemóvel no dela. - Manda-me um toque. - pedi levantando-me e tirando-a do meu colo.

Sorri levemente com o que ela disse assenti.
-Vamos. - dei-lhe um beijo na testa e apontei para o telemóvel indo para casa.

Depois da minha chegada ao Brasil e de deixar as minhas coisas no meu quarto fui dar uma volta pela cidade, parei numa geladaria, com o calor que estava nada melhor que um gelado. Fui ao balcão comprar um e depois fui sentar-me numa das mesas da esplanada. Depois de comer algumas colheradas pus o gelado um pouco de lado e peguei no meu caderno dos desenhos. Fixei um ponto em frente onde se situava a praia e comecei a desenhar.

Estacionei a mota à frente de uma geladaria, onde supostamente iria comer um gelado. Entrei e vi que não estava muito cheio o estabelecimento. - Boa tarde. Era um gelado de... - olhei para o cartaz acima da cabeça da empregada. - Menta! - decidi-me. Pisquei-lhe o olho quando vi que o gelado já estava no balcão e fui-me sentar na esplanada.

Continuei concentrada no meu desenho até que um rapaz se sentou numa das mesas tapando-me assim um pouco a visão. Suspirei e desviei-me um bocado para o lado para continuar o meu desenho.

Estava a comer o meu gelado, quando oiço um suspiro provocativo e muito exagerado por parte duma rapariga que se encontrava lá. Suspirei ainda mais exageradamente numa de ripostar.

Parei o desenho e olhei o rapaz ao ouvir o seu suspiro, como se eu tivesse feito alguma coisa. Mudei a página do meu caderninho e virei-me para o rapaz começando a fazer um esboço do seu rosto.

Limpei-me ao guardanapo depois de perceber que estava todo besuntado e olhei novamente a rapariga. - Estás a fazer o quê? - perguntei.

Levantei o olhar do desenho e fitei-o quando ele falou comigo. - Estou a desenhar... - disse simplesmente e com as mãos tapei um bocado o desenho.

- A desenhar-me? - dei mais ênfase ao "me". - Ao menos deixa ver - pousei o gelado na mesa, levantei-me da cadeira e fui ao seu encontro. Desviei a sua mão para que pudesse ver o desenho. - Oh. Só tem aí riscos e retas - mostrei-me desiludido.

Revirei os olhos quando ele veio até mim e desviou a minha mão para poder ver o desenho. Odiava que vissem os desenhos antes de eu os acabar. - É normal, eu ainda não tinha acabado. - disse com um suspiro.

Lambi os lábios. - Pronto, desculpa Sra. Artista! - elevei os braços rendido. - Tens nome? - perguntei.

- Não faz mal. - disse encolhendo os ombros e pousando o caderno ainda com o desenho inacabado em cima da mesa. - Jules. - sorri-lhe. - E tu?

Sorri-lhe e sentei-me na cadeira que ficava defronte para ela. - Oliver - informei. - Mas nada daquelas alcunhas à mariconço! - avisei apontando-lhe o dedo acabando por sorrir depois.

Arregalei um pouco os olhos e acabei por me rir. - Humm está bem. - disse. - Vou pensar nisso. - gozei e apontei para o caderno. - Posso acabar de desenhar-te? - perguntei-lhe .

Mostrei um sorriso assustador e apontei para ele com os dedos. - Que tal apanhares o meu melhor sorriso? - continuei a apontar.

Sorri ao ver o seu sorriso... perfeito. - Perfeito. - disse. - Agora não te mexas. - pedi-lhe enquanto voltava a desenhar e tentava passar para o papel o melhor que conseguia o seu rosto e o seu sorriso.

Tornei o meu sorriso ainda mais bonito e um pouco indecifrável. - Perfeito eu ou perfeito o sorriso? - brinquei tentando não me mexer.

Olhei-o e ri-me. - O sorriso claro. - disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo enquanto tentava não me desconcentrar pelos perfeitos traços do seu rosto.