Geladaria.

Bufei. - Pensava que era eu o perfeito - cruzei os braços ao peito. Sentei-me melhor n cadeira e desviei o meu olhar de Jules até à praia.

Suspirei quando ele desviou o olhar. - Ainda não acabei. - disse suspirando novamente. - Assim não vai ficar bom e depois vais pensar que desenho mal.

Voltei à minha posição anterior. - Pronto ok - cedi olhando para ela. - Se eu fosse a ti, não ligava muito ao que eu penso - aconselhei.

- obrigada. - agradeci quando ele voltou à mesma posição e retomei o desenho. - Porque não? - perguntei confusa e arqueando as sobrancelhas.

- Porque consideram-me estúpido - sorri-lhe de lado. - Ai desculpa, não devia mexer a cabeça - lembrei-me antes que começasse a resmungar.

- Ah... - fiz uma cara confusa. - Não posso dizer-te se és estúpido ou não porque não te conheço o suficiente para saber isso. - sorri-lhe levemente. - Não faz mal. Já estou quase a acabar.

Esfreguei as mãos e lambi os lábios. - Talvez possas conhecer - pisquei-lhe o olho. - Fixe, fixe! Quero ver isso depois! - sorri desejoso.

Ri-me com o que ele disse. - É... quem sabe. - encolhi os ombros e sorri-lhe. Depois de mais uns retoques lá acabei o desenho, sorri para mim satisfeita com o trabalho. - Já está. - disse estendendo o caderno para ele.

Peguei no desenho e olhei-o durante alguns minutos. - Está tipo brutal! - coloquei a mão debaixo do queixo sorrindo ao ver a minha cara. - Devias fazer isto a tua vida - atirei.

- Obrigada. - agradeci-lhe com um largo sorriso. Encolhi ligeiramente os ombros. - Não sei... talvez... nunca pensei muito nisso. - disse olhando para ele, na verdade nunca pensava muito no meu futuro nem naquilo que queria para o mesmo.

Entreguei-lhe o desenho. - Não tens de agradecer - pisquei-lhe o olho. - Devias começar a pensar nisso, tipo artista de rua - dei a ideia. - Eu juntava-me a ti, sei fazer malabarismo - gargalhei.

Peguei no desenho e fechei o caderno pousando-o sobre a mesa. Ri-me. - Vou pensar nisso... se der algum dinheiro quem sabe. - sorri-lhe e peguei no meu gelado já todo derretido, fiz uma careta e pousei-o outra vez. - Vives cá? - perguntei-lhe do nada.

Neguei. - Não estou de passagem - respondi olhando o mar. - E tu? - perguntei. Olhei o relógio e, pelo que via já eram horas de ir trabalhar.

- Eu também estou só de passagem. - disse sorrindo-lhe. - Aliás, cheguei hoje. - acrescentei e vi-o a olhar para o relógio. - Se precisares de ir embora podes ir...

Cocei a cabeça. - Eu cheguei à um mês - informei. - E já arranjei trabalho, por isso é que tenho de ir... - torci a boca. - Mas podes vir! Assim não deixamos a conversa a meio - propus-lhe e levantei-me.

- Oh... mas... - levantei-me também quando ele se levantou. - Não quero estar a atrapalhar o trabalho. - disse encolhendo os ombros.

- O meu chefe está fora do país, e não é propriamente um trabalho que se atrapalha - brinquei. Fiz-lhe sinal para irmos e paguei ambos os gelados sem que ela visse, para não resmungar. - Temos é de ir só ao meu quarto buscar o material, não te importas? - perguntei saindo da gelataria.

- Trabalhas onde? - perguntei curiosa enquanto pegava no meu caderno e o arrumava dentro da minha bolsa. Revirei os olhos ao vê-lo pagar também o meu gelado mas deixei-me ficar calada. - Humm sim. - disse sorrindo-lhe e segui-o.

- É surpresa - fiz suspense. - Vamos - dirigi-nos até à minha mota e abri a mala onde tirei um capacete e lho entreguei. Peguei no meu que se encontrava ao volante e montei-me na mota esperando por ela. - Alinhas nesta bebé? - mexi a sobrancelha rindo-me.

- Surpresa? Assim ainda tenho mais vontade de saber. - disse rindo-me levemente e peguei no capacete que ele me deu. - Eu alinho sempre em tudo. - sorri piscando-lhe o olho e subi para a mota.

Qual era o problema? Qual era o problema? Mas ele não via que eu era a Eva e ele o Adão? Será que ele não percebia que para mim ele era tipo a maçã? O fruto proibido. Eu não sei o que é que esta gente aprende na escola, mas pronto. Por outro lado, era só um gelado. Provavelmente, se eu lhe dissesse que não ele iria achar muito estranho. Sempre ouvi dizer que as raparigas pecadoras aceitam os convites dos rapazes. E para dizer a verdade, ele não parecia um Satanás assim tão perigoso.- pronto, está bem.- declarei.- vamos lá comer um gelado.- sorri muito ao de leve.

Sorri satisfeito por ela ter acaso por concordar, se bem que mesmo não concordando eu ia leva-la, à praia é que ela não voltava, pelo menos comigo.
Quando chegámos levei-a para dentro da geltaria e eu pedi um gelado de morango e chocolate esperando pelo pedido dela. O empregado deu-nos e eu fui-me sentar numa caderira.

Fui o caminho todo com o meu olhar posto no que se encontrava do lado de lá do vidro. Deus fez mesmo o mundo bem feito. Sorri levemente e rapidamente chegámos à geladaria. Saí do carro e segui com ele para dentro. Depois de Dave fazer o seu pedido, fiz o meu pedindo um gelado de morango e baunilha. O empregado entregou-me o pedido e eu segui para a mesa onde ele já estava sentado.

Olhei-a sentada ao meu lado e vi-a levar o gelado à boca. Mordi o lábio ao ver a língua dela e quando dei por mim o gelado já estava a derreter nos meus dedos, olhei para eles e lambi-os não me importando se era porco ou não.
-Costumas ir à praia? - perguntei.

Peguei no cone que continha as minhas sagradas bolas de gelado e levei-o à boca, começando a lambê-lo. Olhei-o passado um pouco e vi-o olhar-me todo distraído e por conseguinte o seu gelado começou a escorrer-lhe pelos dedos.- tenho alguma coisa na cara? - perguntei preocupada. Lambi o meu gelado novamente e não resisti a soltar uma gargalhada. Deus que me desculpasse mas o Diabo era mesmo engraçado.- nem por isso.- respondi-lhe.- e tu?