Iraque

Porque é que isto estava a acontecer? Ou melhor, porque é que tinha sido eu a começar? Eu estava a precisar de férias, isso e umas boas sessões de sexo com el..com mulheres Bradley, com mulheres. Senti todo o meu corpo ser percorrido por uma onda de calor mal o senti corresponder e puxei-o ainda mais para mim, agarrando-lhe na bochecha enquanto intensificava ligeiramente o beijo. Isto era tão errado, mas eu queria tanto.

Deixei todos os pensamentos de que aquilo era errado, de que alguma coisa estava mal comigo, apenas deixei todos os meus pensamentos. Suspirei baixinho quando o senti puxar-me mais para ele e apertei sem força o seu cabelo. Aquilo estava a ser tão intenso que não queria ser eu a parar, nem sequer tinha coragem. Nem com a minha namorada eu tinha sentido uma coisa destas, no entanto, tinha-lhe digo que a amava. Espera aí, eu não estava apaixonado por ele. Credo, claro que não. Oh meu deus. Sentir o corpo dele encostando ao meu era tão bom, quanto mais a sua boca. Ai, eu estava todo arrepiado, até os cabelinhos da minha nuca.

A minha vida estava acabada, mas o que é que eu tinha na cabeça? Na verdade nada, naquele momento só conseguia pensar em como era bom estar a beijá-lo. Pois, aí está, eu precisava de ajuda, mesmo. Deslizei a minha mão desde a sua bochecha até ao seu peito e por muito que não quisesse, fui obrigado a separar os nossos lábios para conseguir respirar. Encostei as nossas testas, ainda com os olhos fechados e deslizei a mão até ao seu peito.
- Já te passaram os nervos..- rocei os meus lábios ao leve nos seus.- cinderela?

Não gemas, não gemas, a minha respiração tornou-se tão pesada quando ele colocou a mão no meu peito que eu estava mesmo com medo de gemer, não podia gemer. Ele podia estar a fazer isto por.. sei lá, por qualquer coisa e depois eu gemia e ele pensava que eu estava a gostar. Mas tu estás a gostar Daniel. Disse a vozinha na minha mente. Suspirei ainda contra os seus lábios e tentei acalmar a minha respiração, sem conseguir abrir os meus olhos. Voltei a sentir o meu corpo arrepiar-se todo quando roçou os seus lábios nos meus, devia parecer um porco espinho com o cabelo todo no ar. -és um estúpido - disse quase sem voz.

Por mais vozes que na minha cabeça me dissessem para parar e me afastar, eu não lhes coneguia dar ouvidos, não hoje. Tinha tido tanto medo de não o voltar a ver. A ele e a toda a gente, claro. Semicerrei os olhos mal o ouvi chamar-me de estúpido e mordi-lhe o lábio, como forma de proteste, continuando depois a roçá-los
- Sou? - murmurei contra a sua boa.- sabes que não é o que parece, não sabes?

Olhei-o quando me mordeu o lábio e assim que mo largou suspirei baixinho, eu estava tão frágil. Eu estava todo frágil. Ele deixava-me assim. Eu tinha que começar a admitir os factos, andava a mentir-me a mim próprio. Algo se passava, e pelos vistos não era o único a senti-lo porque ele também sentia, ele também me beijava. Fechei os olhos enquanto ele roçava os nossos lábios assentindo quando perguntou se era - sei, cala-te - murmurei. Se eu não conseguia parar de me mentir para tentar esquecer isto quanto mais falar com ele sobre o que estava a acontecer. Não, cada vez que pensava em falar com ele sobre isto, sobre o facto de querer tanto, dava-me vontade de enfiar dentro de um buraco.

És louco Bradley, és completamente louco. Revirei os olhos aos meus próprios pensamentos e voltei a olhar para Daniel, não conseguindo não sorrir ao ver o seu estado. Eu podia não demonstrar muito, mas estava pior ou igual. E a cada dia que passava, eu ficava ainda mais preocupado com isto tudo. Semicerrei os olhos assim que o ouvi mandar-me calar e voltei a revirar os olhos, sendo a minha vez de lhe dar um murro no peito, mas sem força.
- Já te disse para não me mandares calar.- resmunguei.- não gosto que me mandem calar. - disse, ainda com a minha boca perto da sua.

Passei a minha mão pelo peito quando ele me deu um murro sem força, tal como lhe tinha feito antes e semicerrei-lhe os olhos. - Mas eu vou continuar a mandar- disse em tom de resmungo - só calado é que estás bem - falei mas alto com um ar sério, tentando a todo o custo não rir.

Acabei por afastar a minha cara da sua, deitando a cabeça na cama e virei-a na sua direcção assim que o ouvi falar, levantando as sobrancelhas. Ele estava a gozar-me? Semicerrei os olhos enquanto o olhava e depois revirei-os, virando-me ligeiramente de costas para ele.
- Aposto que se fosse outro, aquele que ia ser melhor do que eu, já não dizias o mesmo.- resmunguei.

Fiquei a olha-la quando se afastou e mordi-me todo. Ele estava mesmo outra vez amuado? Ficava tão fo... não ficava nada, ficava normal e adorável.. não. Não consegui não me rir quando falou puxando-o para que ele ficasse de frente para mim - não vai haver ninguém melhor que tu por isso não interessa.

Eu não conseguia perceber porque é que isto me afetava tanto, mas a verdade é que afectava. Ou se calhar, até sabia o porquê, mas não queria sequer pensar nessa hipótese. Não podia ser. Revirei os olhos, assim que o senti virar-me de novo para ele e fiquei a olhá-lo com cara de amuado.
- Não vai haver porque ainda não te conseguiste ver livre de mim.- disse todo resmungão.

Revirei os olhos escondendo um sorriso, gostava de saber porque é que agora estava todo sorrindente se ainda à bocado tinha morto um homem e tinha chorado rios. - Eu estava a brincar quando disse que te ia arranjar um substituto melhor - desci ficando com a cabeça deitada na almofada e fechei os olhos que já começavam a pesar. Finalmente estava a apanhar sono.

Subi o olhar para ele, vendo-o ficar com um ar mais sonolento e assim que deitou a cabeça na almofada, puxei as mantas para cima dele.
- Acho muito bem.- disse ainda todo resmungão e tal como ele, deitei a cabeça na almofada. Ele estava a ficar com sono e eu, eu não tinha vontade nenhuma de sair dali.- importaste que fique aqui? - perguntei baixinho, encolhendo os ombros antes de começar a pensar fosse o que fosse.

Sorri quando senti as mantas em cima de mim, tinham o cheiro dele, ele tinha passado algum tempo na minha cama por causa da ferida e eu nunca lhe tinha tirado a manta de cima por causa do frio e das poeiras. - Não - disse de olhos fechados tapando parte da minha cara para que ele não visse o meu sorriso.
Ai meu deus, isto era tão mau que até estava a ficar católico, precisava urgentemente de assentar a cabeça no lugar, eu não podia... eu não podia gostar dele.

Mal o ouvi dizer que não se importava, tive de me morder todo para não sorrir. Porque é que eu estava assim? Aliás, porque raio é que eu queria ficar ali com ele. Não, não, não, é que nem te atrevas Bradley. Eu nunca tinha sentido isto, eu nunca na minha vida tinha sentido isto. Coloquei-me também debaixo das mantas, chegando-me mais para o quentinho e bocejei baixinho.
- Obrigada.- disse no mesmo tom e visto que ele estava mais em baixo do que eu, passei as pontinhas dos dedos pelo seu cabelo. Isto era só porque ele também me tinha feito, era uma espécie de paga. Sim, só isso.
Oh, por amor de deus, mas a quem é que eu queria enganar?

Abri os olhos quando senti festinhas no meu cabelo levantando ligeiramente o olhar para ele, mas rapidamente os voltei a fechar deixando-me consolar com as suas festinhas, eu também gostava, aliás, eu adorava mesmo a sério. Aproximei-me mais um bocadinho dele e quando dei por mim já tinha a minha cara colada ao seu peito. Evitei abrir os olhos, acho que estava demasiado embaraçado e com calor para isso, e voltei ao mesmo estado de: "tentar dormir". Era o melhor, este dia tinha sido demasiado longo. Assim que as minhas hormonas acalmaram eu rapidamidamente me agarrei a alguma coisa e adormeci.

Baixei o olhar para ele mal o senti levantar o seu e era para parar com as festinhas se não o tivesse sentido encostar-se ao meu peito. Escusado será dizer que me senti ficar logo com aqueles calores estranhos. Aliás, era tudo estranho. Fechei os olhos com um leve suspiro e afundei a minha mão no seu cabelo, deslizando depois os meus dedos pelo mesmo. Deixei que ficasse encostado a mim, não dizendo nada sobre isso, e assim que o voltei a olhar, já ele estava a dormir, abraçado ao meu corpo. Por mais que eu quisesse, e eu juro que tentei, não consegui não sorrir, puxando as mantas mais para cima dele, para que ficasse quentinho. Aconcheguei-o junto a mim, aninhando-me contra o seu corpo e continuei com as festinhas até adormecer também.

Eu estava a dormir muito bem, se calhar até demais, mas isso rapidamente se mostrou ser apenas algo de pouca dura porque as lembranças do dia anterior assombraram-me logo a mente, principalmente aquele momento em que Brad estava com uma pistola apontada à sua cabeça, ele não podia nem dar um passo, mal respirar podia, se o fizesse podia morrer a qualquer instante. Mas eu não queria magoar o homem, ele estava a fazer o que todos os outros faziam, não queria dizer que fosse mau. O meu coração disparou em flecha de novo, só me apetecia chorar que nem um bebé mais uma vez. Se eu não o tivesse morto, quem morria era Brad e isso eu não podia deixar que acontecesse. Ele sempre me tinha protegido, para além da dívida eu não conseguia ficar aqui sem ele, não era só porque ele cuidava de mim, era porque eu precisava de um amigo. Por mais que eu tentasse não fazer amigos, com ele tinha sido impossível, ele era irritante e estúpido, e incrivelmente...(...).....(...)..., mas era um amigo.

Já tinha adormecido há algum tempo, mas mesmo assim, acordei de repente mal ouvi uns barulhos que logo percebi que vinham de Daniel. Estava a ter mais um pesadelo. Suspirei, esfregando os olhos, para conseguir despertar e olhei-o, passando as mãos pelo seu peito.
- Daneil.- chamei enquanto o ouvia dizer coisas que eu não conseguia perceber.- acorda.- murmurei, massajando-lhe o mesmo.- está tudo bem, sou eu, o Bradley, acorda.

Comecei a despertar quando uma voz me interrompeu o sono, e ao conseguir perceber quem era consegui abrir os olhos sentindo a minha respiração ofegante. Olhei para Brad durante alguns segundos, mas não consegui não me agarrar ao seu pescoço, abraçando-o quando o ouvi falar - estás vivo - murmurei engolindo em seco.

Continuei a massajar o seu peito e abaná-lo ligeiramente para que acordasse, e assim que o fez, eu fiquei a olhá-lo.
- Está tudo bem.- voltei a murmurar e já só o senti agarrar-se ao meu pescoço, abraçando-me. Juntei as sobrancelhas, puxando-o para mim e abracei-o assim que percebi que tinha tido um pesadelo comigo.- eu estou aqui.- afaguei-lhe as costas.- está tudo bem, tem calma.- repeti.

A primeira coisa que tinha que fazer era acalmar a minha respiração, só assim conseguia acalmar o resto do meu corpo. Eu estava bem agarrado a ele, nem um exercito me ia conseguir afastar neste momento. Fechei os olhos respirando fundo e comecei a larga-lo aos poucos levantando o olhar para ele apenas durante uns segundos.
-Desculpa, tive um pesadelo - murmurei agarrando-me à minha mala.

Fiquei a passar as minhas mãos pelas suas costas, na esperança de que aquilo o acalmasse. Eu odiava pesadelos, era das piores coisas que a guerra nos proporcionava. Já não bastava ter de matar de dia, ainda ficávamos sem conseguir dormir de noite. Juntei as sobrancelhas ao senti-lo afastar-se, mas deixei que o fizesse, sem contudo me afastar dele.
- Não tens de pedir desculpa.- murmurei, tocando-lhe com as pontinhas dos dedos na bochecha.- estás mais calmo?

Assenti com a cabeça para responder à sua pergunta - sim - disse mais baixo. Fechei os olhos de novo passando uma mão pelos olhos aproveitando as suas festinhas enquanto ele as dava, mas tive que os abrir espreitando para a porta da tenda na esperança que fosse de noite e eu ainda conseguisse dormir um bocadinho, mas isso não ia acontecer porque estava quase a amanhecer - desculpa ter-te acordado.

Afastei a minha mão da sua cara assim que levantou a cabeça e olhei na mesma direcção que ele, vendo que olhava lá para fora.
- Se quiseres podes dormir mais um bocadinho.- disse.- eles não nos devem chamar tão cedo depois de ontem.- encolhi os ombros, abanando depois a cabeça ao seu pedido de desculpas.- não peças, está tudo bem.