Iraque

Apesar de bocejar mal ele falou em dormir abanei a cabeça e comecei a sentar-me, esfregando os olhos - eu preciso de apanhar ar - disse olhando para ele - não, sabes o que é que eu preciso? - perguntei levantando-me da cama, saltando por cima dele até ficar de pé no chão - álcool.

Acabei por me virar de barrriga para cima, ficando a olhar para o tecto, só desviei o olhar para Daniel quando senti movimento na cama. Ia abriri a boca, para lhe dizer que fosse um bocadinho até lá fora, mas de um momento para o outro, já só o vi passar por cima de mim para sair da cama. Levantei uma sobrancelha enquanto o olhava e acabei por levantar a outra a ouvi-lo dizer que precisava de álcool.
- Para que é que precisas de álcool? - perguntei com uma careta. Não é que eu não gostasse, porque gostava e por acaso, já não bebia há imenso tempo.

Ri-me baixinho quando me perguntou para que é que precisava de álcool e estiquei-me até à minha farda começando a vesti-la de novo - para beber - disse encolhendo os ombros e estiquei-me até lhe agarrar na mão e o puxar mas ele era tão grande e pesado e eu tão sem força, que eu acabei mesmo por cair de rabo no chão - ai de ti se te ris - disse de uma forma muito séria.

Revirei os olhos assim que me disse que o álcool era para beber e sentei-me cama, virando a cara na sua direcção. Isso eu já sabia. Mal o olhei, os meus olhos percorreram todo o seu peito despido, visto que ele estava a vestir a farda, o que me fez abanar-me mentalmente. Juntei as sobrancelhas mal me começou a puxar e levantei-me já que ele queria. Só que, mal pousei os pés no chão, ouvi um barulho que me fez levantar o olhar de repente, vendo que tinha sido Daniel a cair. Arregalei os olhos, juntando as sobrancelhas e tive de me morder todo para não me rir, ou ele ainda se passava.
- Estás bem? - perguntei, tentando ficar o mais sério possível, esticando uma mão para ele.

Revirei os olhos porque apesar de ele se conter a cara de gozo estava lá - ou ri-te estás mortinho - reclamei. Agarrei-me à mão dele levantando-me devagar e esfreguei o meu rabo - não, dói-me o rabo - queixei-me aproximando-me da porta ainda com uma mão nele, espreitando lá para fora - sabes quem é que tem montes de garrafas de whisky? - perguntei - a general -assenti com a cabeça. - a gaja é bêbada. - eu não sabia o que se passava comigo, parecia que para esquecer todas estas coisas que me tinham acontecido até agora eu tinha que.. não sei, sentia-me a pessoa mais esquisita e não-eu do mundo.

Por mais que eu não me quisesse rir, ele estava com uma cara demasiado engraçada e eu acabei mesmo por fazê-lo, antes de ele me dizer que podia. Agarrei na sua mão puxando-o para que se levantasse e fiquei a olhá-lo enquanto falava, arregalando ligeiramente os olhos com as coisas que ele dizia.
- Como é que sabes? - perguntei, deixando que ele me puxasse para onde quisesse, entrelando os nossos dedos de forma inconsciente.

Tentei não ter um ataque quando senti os nossos dedos entrelaçados e continuei a espreitar para saber quem é que já estava acordado. Olhei para Brad quando me perguntou como é que eu sabia e arregalei ligeiramente os olhos encolhendo os ombros - apenas sei - disse - andei a dar umas voltas - apontei fazendo circulos com o dedo. - anda, vamos roubar-lhe, ela nem vai dar por falta. - puxei-o para fora da tenda.

Tinha o meu coração a martelar-me nos ouvidos, eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de fazer. Eu acho que já nem controlar o meu corpo eu conseguia. Virei a cara para ele quando continou a falar e ri-me com os seus gestos. Ele estava estranho, mas não deixava de ser engraçado.
- Tu vais roubar-lhe bebida? - perguntei de olhos arregalados.- ela ainda deve estar na tenda.- disse, olhando em volta.

-Vou - disse encolhendo os ombros enquanto andava na direcção da tenda da generala mor levando-o de arrastão, ele era grande, tinha que me proteger. - ela não está na tenda - fiz um sorriso maroto, eu já sabia tudo daquela mulher, ela era bastante fácil. E só sabia estas coisas das vezes que tinha ido buscar comer para nós os dois quando ele ainda mal conseguia andar. Olhei para a tenda dela, que era maior e revirei os olhos para mim mesmo, não conseguia perceber porquê.

Ele estava estranho, ele estava mesmo muito estranho. Acho que nunca o tinha visto tão...aventureiro? Não sei se era a palavra certa, mas nunca pensei que ele se lembrasse de roubar as bebidas de Karen. Continuei a andar ao seu lado, visto que ele quase que me arrastava pela mão e levantei uma sobrancelha.
- Como é que tu sabes? - perguntei, cada vez mais confuso.- eu não sei porquê, mas não acho nada boa ideia, vais ficar ainda pior do que o que já estás.

-Ela é fácil de compreender - encolhi os ombros e quando o ouvi dizer que não era boa ideia parei cruzando os meus braços ao peito - não é boa ideia não venhas, eu vou - reclamei - pior do que estou agora é impossivel - disse virando-lhe costas indo para trás da tenda da general.

Fiz uma careta ao ouvi-lo falar e tive de assentir como que a concordar com ele. Quer dizer, eu estava mesmo a concordar com ele. Ela era muito fácil de compreender. Difícil de satisfazer, mas fácil de compreender. Levantei as sobrancelhas assim que ouvi o seu tom resmungão e quando o olhei, já ele estava de braços cruzados ao peito.
- Daniel..- suspirei, tentando falar, mas ele disse tudo até ao fim, virando-me costas depois. Revirei os olhos, passando as mãos pela cara e fui atrás dele, tendo praticamente de correr para conseguir acompanhar o seu passo.- espera.- tentei pará-lo.- eu vou contigo.- acabei por dizer. Não o podia deixar sozinho. Se acontecesse alguma coisa, ele ia precisar de ajuda.

Olhei para o céu para tentar perceber as horas quando ouvi Brad a dizer que ia comigo, desviei o olhar para ele, meio amuado e assenti com a cabeça. A tenda, apesar de maior, era como todas as outras por isso era só preciso entrar pela parte de trás e agarrar numa das garrafas que estavam em cima da mesa - fica aqui, eu sou mais pequeno - disse-lhe baixinho e enfiei-me debaixo do plastico que cobria a tenda.

Assim que vi a forma como Daniel me olhou, levantei ligeiramente as sobrancelhas, com uma expressão surpreendida.
- Estás amuado? - pergunta, ouvindo depois o que ele disse. Assenti, ficando junto à tenda, sempre a olhar em volta. Se Karen aparecesse tinha de arranjar alguma desculpa.

Olhei para dentro da tenda, ouvindo depois a sua pergunta e meti a cabeça de fora com a mesma expressão - não - disse num tom resmungão entrando de novo. Olhei em volta mordiscando o lábio e comecei a rir quando agarrei na garrafa de whisky saindo logo de seguida - eu disse que era fácil. - disse escondendo-a no meu casaco para o caso de alguém nos ver.

Arregalei ligeiramente os olhos mal a sua cabeça apareceu de repente e não consegui não me rir com o seu tom resmungão.
- Estás mesmo amuado.- disse enquanto me ria, tentando continuar atento ao que se passava à nossa volta, voltando a olhar para a entrada da tenda mal ouvi a sua voz de novo.- já está? - perguntei, mas assim que o vi guardar a garrafa, percebi que sim.- vamos embora daqui.

-Duvidavas das minhas capacidades? - perguntei semicerrando-lhe os olhos. A verdade é que eu duvidava, tinha estado ali dentro a tremer, apenas me estava a fazer de aventureiro para ver se esquecia tudo o resto. O meu irmão tinha razão, a guerra mudava-nos. - a tua resposta vai influenciar a minha decisão se te dou ou não um bocado. - brinquei.

Assim que ouvi a sua pergunta, fiquei a pensar no que lhe haveria de responder, não queria que ele ficasse outra vez amuado. Sorri face aos seus olhos semicerrados e puxei-o para que andássemos de novo para a nossa tenda ao mesmo tempo que o ouvia dizer que dependia da minha resposta se me dava bebida ou não.
- É claro que não duvidei.- disse enquanto o olhava, sendo a minha vez de semicerrar os olhos.

Fiquei a olhar todo o tempo que ele ficou a pensar e abanei a cabeça - demoraste muito tempo, é mentira, a garrafa fica só para mim - falava baixinho para não acordar os outros ou desmarcarar-nos. Assim que vi a nossa tenda corri até à mesma sentando-me na minha cama, abrindo logo a garrafa.

Arregalei os olhos mal o ouvi falar e quando abri a boca para falar, já Daniel estava a correr para a tenda. Ele não estava mesmo nada bem. Se isto era por causa do que tinha acontecido, não podia deixar que se repetisse. Abanei a cabeça, entrando na tenda e olhei para já sentado na cama, de garrafa na mão.
- Não vais mesmo partilhar comigo? - perguntei com um suspiro, eu podia estar reticente, mas eu gostava de álcool.- eu não duvidei.- repeti.

Voltei a semicerrar os olhos quando voltou e olhei para a garrafa já aberta, eu também não ia conseguir beber aquilo tudo, se o fizesse o mais provavel era ir parar à enfermaria. Depois de dar dois goles bem grandes estiquei o braço com a garrafa na sua mão - não exageres - resmunguei.

Fiquei a olhar para ele, não conseguindo não arregalar os olhos com o tamanho dos seus goles e acabei por me ir sentar ao seu lado, agarrando na garrafa.
- Porque é que estás tão chateado comigo? - perguntei baixinho, de sobrancelhas levantadas, dando um gole.

Fiquei a olha-lo não conseguindo não admirar a sua bel... nada. Desviei o olhar tendo que voltar a fazê-lo visto que falou para mim. Encolhi os ombros com uma careta - não sei - admiti agarrando na garrafa para dar mais um gole. - acho que preciso de estar chateado com alguém.

Aproveitei que estávamos num ambiente mais descontraído para tirar o meu capacete da cabeça, aquilo era tudo menos confortável. Ajeitei-me na cama, vendo a garrafa fugir-me das mãos e assim que levantei o olhar, já Daniel estava a beber.
- Tem calma.- pedi. Ele estava a deixar-me realmente preocupado. Fiquei calado enquanto o ouvi explicar o que se passava e acabei por encolher os ombros.- desde que te sintas bem.- disse.

Voltei a dar-lhe a garrafa e suspirei baixinho mas relativamente audivel encolhendo os ombros - não sinto- acabei por dizer, detestava estar assim e detestava estar chateado com ele. Voltei a agarrar na bebida nem sabendo se já tinha bebido ou não e voltei a dar dois valentes goles.