Iraque

Abri os olhos de novo quando ele se afastou e levantei as sobrancelhas mordendo o lábio. Acho que ele tinha percebido tudo mal.
-Pára de te afastar - pedi meio chateado fazendo uma expressão também chateada tentando chegar-lhe, mas só consegui chegar à sua camisola meio rasgada puxando-a. - Pensas demais. - disse-lhe.

Eu era tão burro, se eu controlasse a vontade que tinha de o beijar, nada daquilo tinha acontecido. Levantei ligeiramente as sobrancelhas assum que o ouvi resmungar comigo e apesar de tudo, deixei que me puxasse de novo para ele.
- Não te zangues.- pedi baixinho.- só não quero que fiques pior.

Olhei-o quando pediu para não me zangar e não consegui fazer um sorriso meio gozão. - O que é que se passa contigo soldado Bradley? - perguntei-lhe baixinho - desde quando é que és tão sensível? - perguntei levantando uma mão até passar os dedos pelo seu cabelo - eu estou bem. - garanti-lhe.

Revirei os olhos ao ver o seu sorrisinho e revirei-os ainda mais com o que ele disse, ainda ficava com eles tortos por causa dele. Sim, eu já tinha reparado na minha mudança, cada vez parecia mais..nada, mas a culpa era dele, como de todas as outras mudanças.
- Desde que te vi caído no chão, a implorares-me que te tirasse uma bala de dentro do peito.- murmurei, soltando um suspirinho ao sentir a sua mão no meu cabelo, aquilo era mesmo bom.

Ri-me quando o vi revirar os olhos e puxei as mantas mais para cima de mim, estava com um bocadinho de frio, mas visto que não tinha febre, devia ser normal. Fiquei mais sério quando me lembrei da sensação e engoli em seco.
-Se não a tivesses tirado eu não estava aqui - disse-lhe puxando-o ligeiramente pelo cabelo para que me olhasse e se aproximasse um bocadinho - por isso pára de te censurar, não tiveste culpa, provavelmente eu nem era o alvo, e para além disso tu é que me salvaste.

Olhei em volta assim que o vi tapar-se, mas só depois me lembrei de que aquilo não tinha janelas, logo de corrente de ar não era de certeza. Remexi-me no banco, passando uma mão pela bochecha e aproximei-me mais dele assim que me puxou de novo, soltando um pequeno suspiro e encolhi os ombros.
- Mas eu prometi que te protegia.- disse muito baixinho.- e mesmo assim, tu foste atingido.

Suspirei quando ele fez o mesmo e continuei as minhas festinhas no meu cabelo - ninguém podia fazer nada e tu fizeste muito - tentei anima-lo, aquilo era verdade, mas era difícil fazê-lo ver. - muito provavelmente se estivesse com outros ninguém tinha feito o que fizeste - disse com um leve encolher de ombros mas logo fiz uma careta por causa das dores.

Senti todos os meus músculos relaxarem com as suas festinhas, como sempre acontecia e fiquei a ouvi-lo sem o interromper uma única vez. As festinhas faziam-me ficar todo mole de qualquer das formas.
- Não vamos falar mais disto, pode ser? - acabei por pedir, num tom baixo e assim que o vi fazer uma cara, endireitei-me.- ou paras de te mexer ou eu prendo-te à cama.- disse com cara de mau.- foste operado à poucas horas, está sossegadinho.

Assenti com a cabeça quando me pediu para não falarmos nisto. Ri-me levemente com o que ele disse - olha quem fala, mal acordaste da tua operação foste logo para a tenda. - disse com um abanar de cabeça olhando-o depois mais sério, mordendo a parte de dentro da minha bochecha quando os meus olhos foram parar aos seus lábios. Nem doente eu conseguia parar aqueles pensamentos.

- Mas eu sou especial.- disse com uma cara toda convencida, soltando um riso baixo. Subi o olhar para ele, passando uma mão pelo cabelo e assim que o vi olhar para os meus lábios, foi impossível não sorrir. Mordisquei o inferior e inevitavelmente, cheguei-me mais para ele, passando a língua pelos lábios de forma propositada.- está tudo bem princesinha? - perguntei, aproximando cada vez mais as nossas caras.

-Que convencido - reclamei baixinho já meio distraído. Pelo amor de deus Daniel não penses nele de outros modos, é demasiado... e estás demasiado exposto tens que te acalmar. Eu estava a falar para mim próprio mentalmente mas era como se não fizesse nada. - hmhm - respondi-lhe com todo o meu corpo arrepiado

- Até parece que não concordas.- murmurei num tom meio resmungão, mas sem parar de me aproximar dele. Arrastei o banco pelo chão, ficando com o corpo encostado à cama e estiquei-me até roçar os meus lábios no seu maxilar, subindo pela sua bochecha e parando no canto dos seus lábios.- então isso quer dizer que posso continuar?

Não ouvi nada do que ele disse, fiquei apenas a sentir os seus lábios pelo meu maxilar e pela minha bochecha, aquilo era tão bom e tão exci... não, eu não ia dizer a palavra ou ainda ficava mesmo assim, que até revirava os olhos com a sensação, acabei por fechar os olhos sentindo a minha respiração acelerar, mas não de modo a magoar-me na ferida entreabri os meus lábios.

Levantei ligeiramente o olhar assim que não obtive resposta da sua parte e foi impossível não sorrir ao ver o seu estado, a forma como ele ficava por minha causa. Eu estava maluco, aliás, eu estava mais do que maluco, mas era bom saber que tinha aquele efeito, especialmente nele. Toquei com as pontinhas dos meus dedos na sua bochecha e virei a sua cara para mim, roçando os meus lábios nos seus.
- Princesinha.- falei contra os mesmos e antes que ele reclamasse, beijei-o.

Abri muito ligeiramente os olhos quando senti os seus dedos na minha bochecha e fui para o beijar quando ele falou. Mesmo antes que pudesse resmungar com ele, senti-o beijar-me. Puxei-o mais para mim pelo cabelo e passei e comecei a desce-lo até à sua nuca, tentando não me desorientar todo por causa dos meus pequenos e quase esmagados pulmões.

Assim que o senti puxar-me mais para ele pelo cabelo, tive de me controlar para não subir para cima d cama e terminar o que tínhamos começado no outro dia, isto estava a descontrolar-me todo, eu já nem conseguia negar, estava cada vez pior. Aprofundei ligeiramente o beijo, mas assim que me lembrei dos seus pulmões, comecei a afastar os meus lábios dos seus devagarinho, encostando a minha testa à sua e passei as pontinhas dos dedos pela aua bochecha.
- Ainda estás uma princesinha frágil.- murmurei.

Cada vez me sentia mais irritado por não conseguir mexer o meu corpo, eu só queria tocar-lhe e agarra-lo e isto estava a dar comigo em doido. Aliás, eu já estava mais do que doido, só podia para estar a fazer isto com ele, mas eu queria e queria bastante e se era assim, que fosse.
Ainda estava meio a beija-lo quando se afastou, o que me fez fazer uma expressão meio amuada, largando-lhe o cabelo devagarinho, pousando o braço na cama.
-Não sou uma princesinha - reclamei com vontade de cruzar os braços, mas não o podia fazer.

Sorri compreensivo ao ver a sua expressão amuada e rocei os meus lábios nos seus antes de me afastar, eu também não queria ter parado, mas era pelo bem dele, e isso, estava sempre em primeiro lugar. Ri-me quando me falou todo resmungão e endireitei-me no banco, espreguiçando-me.
- És sim, és uma princesinha amuada.- gozei.- até que tem a sua graça.

Semicerrei-lhe os olhos quando disse que uma princesinha amuada até tinha a sua graça, mas logo desviei o olhar para a enfermeira de antes que vinha um pouco alarmada - temos que ceder esta cama a outro ferido - disse ela. Acho que até fiquei mais branco quando vi o sangue que ela tinha na farda. Desviei o olhar apenas assentindo.
-Eu vou tentar sair - disse vendo-a assentir e correr lá para fora.

Ia abrir a boca para lhe dizer mais qualquer coisa quando a empregada entrou disparada, fazendo-me arregalar os olhos ao ver a sua farda toda manchada de sangue. Levantei-me, assim que ela deu a entender que tínhamos de ir embora e depois olhei para Daniel,csoltando um suspiro. Ele não devia ir para a tenda tão cedo, se bem que era melhor do que aquele lugar. Passei as mãos pelo cabelo e aproximei-me dele.
- Agarra-te a mim.- murmurei.- não podes fazer esforços.- disse e sem esperar mais, agarrei nele ao colo, com muito cuidado.

Podia tentar levantar-me, mas isso ia correr muito mal, ia cair e magoar-me ainda mais. Levantei o olhar para brad quando falou em me agarrar a ele, e mordi a parte de dentro da bochecha tentando não voltar a corar. Mas que raio, porque é que isto continuava a acontecer? Fiz uma careta tentando não demonstrar que doía quando ele me pegou ao colo e agarrei-me à camisola desfeita dele encostando a cabeça ao seu ombro, aquilo era uma dor tão aguda que me fazia ficar sem forças, quase inconsciente.

Ajeitei-o nos meus braços, olhando para baixo e ainda fui a tempo de ver a sua careta. Eu bem disse que ainda era cedo para ele vir embora, mas este era m dos problemas das enfermarias em tempo de guerra, enchiam num instante.
- Dói? - perguntei baixinho, começando a andar para fora dali.- já vai passar, vais deitar-te na tua cama e descansar.- rocei os meus lábios na sua testa com um suspiro. Ele tinha de ficar melhor.

Respirei fundo o melhor que consegui passando a mão livre pelos olhos assentindo com a cabeça para lhe responder. Precisava de continuar direito e deitado numa cama, ou no chão se fosse preciso, só de estar assim sentia o meu corpo começar a aquecer e suar com as dores - não é a minha cama - murmurei com a voz rouca - rápido. - pedi baixinho.

Juntei as sobrancelhas assim que ele me pediu que andasse rápido e nem pensei duas vezes em fazê-lo. Abri a tenda, entrando e deitei-o com cuidado na sua cama, engolindo em seco, só esoerava que não lhe desse nenhuma coisinha.
- Pronto.- murmurei, passando a mão pela sua testa suada.- do que precisas mais? - perguntei baixinho.

Cerrei o maxilar quando ele me deitou só conseguindo respirar da maneira correcta alguns minutos depois. Fiquei de olhos fechados durante uns segundos sentindo a dor passar e só depois conseguir falar. - Água - murmurei abrindo os olhos - e de companhia - disse tocando-lhe na camisola rasgada.