Iraque

Respirei fundo como que para me acalmar, quando Brad disse que o tinha que fazer para Ben não me ver assim e ele tinha razão, eu estava nervoso demais e não tinha sido só por termos sido interrompidos. Pelo que tinha ouvido Karen não tinha feito nada a Brad, felizmente. - Ela não te vai mandar embora pois não? - perguntei, por um lado era bom para ele, assim não sofria mais aqui, mas por outro não queria ficar aqui sozinho. Tinha-me mentalizado quando para aqui tinha vindo que ia ficar nisto sozinho e que não ia ter ninguém, mas era mais forte que eu. Semicerrei-lhe os olhos quando apenas roçou os seus lábios nos meus e agarrei-lhe pela cabeça para se baixar e me beijar a sério.

Mantive-o encostado a mim, agradecendo por perceber que ele se estava a tentar acalmar, tal como eu lhe tinha dito para fazer, e fiquei a passar as pontinhas dos meus dedos de forma descontraída pelas suas costas, dando por mim a pensar no que Karen tinha dito. Ela não me podia mandar embora, pois não? Não, ela preisava de mim. Sebti-me despertar dos meus pensamentos quando ouvi a pergunta de Daniel e apertei-o contra mim, abanando a cabeça.
- Não.- murmurei.- eu sou um bom soldado e ela sabe disso.- encolhi os ombros e depois já só o senti puxar-me para baixo, percebendo assim o que ele queria. Acariciei-lhe a bochecha com uma das mãos e colei os meus lábios aos seus, num beijo algo intenso. Rocei o meu nariz quando cessou e encostei a minha tesa à sua, olhando os seus lábios.- mas..- mordi a parte de dentro da minha bochecha.- o que é que acontecia se ela o fizesse? - perguntei num tom mais baixo.- ias esquecer-me?

Apesar de ter ouvido senti-me ficar muito mais calmo depois de ter dito que não. Apertei-lhe o cabelo sem o magoar, ficando simplesmente a olhar para o seu peito completamente a leste e só acordei quando ele voltou a falar, fazendo-me levantar o olhar para os seus olhos. E que olhos..
-Não, provavelmente morria - disse com a maior das naturalidades.

Fiquei a olhá-lo, sorrindo quando o vi olhar-me bos olhos também e estiquei ligeiramente a cabeça, apenas para roçar os meus lábios nos seus. Estaquei ligeiramente ao ouvir a sua resposta e foi impossível impedir o meu corpo de estremecer quando tentei imaginar o que era viver sem ele, não era possível e isso assustava-me.
- Não digas isso.- pedi.- se ela me mandasse embora, o mais provável era eu ir viver com o Ben, logo ia estar sempre por perto.- encolhi os ombros mas depois olhei-o mais sério.- se alguma coisa acontecer.- supus.- tens de prometer que tomas conta de ti.- fi-lo olhar-ne.- que te manténs vivo.- engoli em seco.

Voltei a encostar a cabeça ao seu ombro puxando-o para fazer o mesmo e passei as mãos pelas suas costas abanando negativamente embora - mas ela não te mandou nem vai mandar embora, eu não vou deixar - disse apertando-lhe o corpo - mas.. - decidi calar-me quando ele me fez prometer que tomava conta de mim se algo lhe acontecesse e as lágrimas vieram-me logo aos olhos. Eu era tão menina que irritava. - Não posso prometer -murmurei muito baixinho - eu até sou bom - encolhi os ombros - mas eu não consigo - abanei a cabeça senti-me logo entrar em pânico abanando a cabeça.

Encostei a cabeça no seu ombro, como dle ne fez fazer e fiquei a sentir as suas festinhas, voltando a fazer-lhe também, passando de novo as pontinhas dos meus dedos pelas suas costas. Sorri levemente quando o ouvi falar e encostei-me por completo ao aeu corpo, abraçando o mesmo.
- Eu também não vou deixar que ela me afaste de ti.- disse e nesse preciso momento Daniel começou praticamente a entrar em pânico por causa do que o que eu lhe tinha feito prometer. Endireitei-me, suspirando ao ver o seu estado, e agarrei-lhe com ambas as mãos na cara.- esquece o que eu disse.- murmurei, encostando-o ao meu peito.- eu não vou a lado nenhum e vou continuar a proteger-te como te prometi.- assegurei, beijando-lhe a testa.- tem calma.- apertei-o contra mim, está tudo ben, eu estou aqui, não vais ter de fazer nada.

Encostei a cabeça ao seu peito dando uma pequena cabeçada e aquilo acabou mesmo por doer porque ele parecia de ferro. Respirei fundo enquanto Brad me pedia para esquecer o que tinha dito. Eu andava tão diferente, já nem falava no facto de gostar dele, era diferente em tudo, estava tudo tão mal e estranho, só me apetecia parar o tempo e ficar assim para sempre. - Eu quero ir embora daqui. - mas já que isso não era possível levantei a cabeça para o olhar - quero ver o Ben.

Fiz uma pequena careta quado senti uma pontada no peito, que depois percebi ter sido a cabeça de Daniel, mas nem me queixei, não tinha sido mais do que uma ligeira impressão. Continuei a afagar-lhe as costas e quando finalmente o ouvi falar, dei-lhe um pequeno beijo no topo da cabeça antes de me afastar. Ás vezes sentia-me tão..tão coisinho quando estava com ele que ainda era estranho par mim, eu nunca tinha sido rapaz de mimar, mas com ele era diferente, só queria fazê-lo.
- Vais andando para lá enquanto eu lhe vou buscar comida? - perguntei.- ou queres vir comigo?

A única pessoa que me dava miminhos era a minha mãe e já tinha sido há tanto tempo que eu não estava habituado, mas adorava que ele me desse. Assenti com a cabeça quando me perguntou se ia andando para lá e afastei-me de braços cruzados. Ele tinha-me pedido para acalmar antes de ir ter com Ben, nas animar-me eu não conseguia. Apertei os braços ao peito e virei costas saindo sem dizer nada pela tenda. Olhei para trás, para ver se o via ir buscar-lhe comida e quando voltei a olhar para a frente, já fora do nosso campo, encontrei dois homens a apontar-me cada um uma arma à cabeça e mal viram que eu os olhei começaram a gritar mas eu não percebia nada do que diziam.

Soltei um pequeno suspiro ao ver que não o conseguia animar, mas apenas o deixei or, esperando que quadp chegasse junto de Ben as coisas melhorassem. Fiquei a vê-lo afatar-se e depois de o perder de vista dirigi-me até cantina. Pegûi em duas sandes e dois sumos assim que lá cheguei, para ele ter comida para a noite e abtes de sair peguei também numa maçã. Guardei tudo nos bolsos do meu casaco, indo busca a minhar arma à tenda e depois sim, fui ter com ele. Regra número um de sobrevivência: nunca sair da zona de refúgio desarmado.

E aí estava a resposta ao pedido dele. É claro que eu ia morrer. Só tinha estado dois minutos afastado e já estava com duas armas apontadas à cabeça. Nem sabia o que é que era melhor, se era isso ou estar em cima de uma bomba que podia destruir tudo à nossa volta.
Não tinha a minha arma ao pé de mim, mas mesmo se tivesse, eu estava tão paralizado e vidrado que nem me conseguia mexer, por isso não ia servir de nada, eu ia mesmo deixar que me matassem.

Olhei para trás quando já estava razoavelmente longe do acampamento, para me assegurar de que ninguém me tinha visto ou me seguia e assi que voltei a olhar em frente, todo o meu corpo paralisou com a cena a que estava a assistir, Daniel tinha duas armas apontadas à cabeça e encontrava-se completamente desprotegido. Fiquei en choque durante alguns segundos, completamente petrificado e com o coração a martelar-me no peito, mas logo tive de me obrigar a reagir. Eu ia fazê-lo cumprir a sua promessa e ia cumprir a minha. Aproveitei que os dois homens estavam de costas para mim e cpmecei a avançar muito lentamente na direcção dos mesmos, fazendo sinal a Daniel para que não se mexesse, bastava um passo en falso e tudo iria por água abaixo. Eu sentia-me a ferver por dentro, a vontade de os matar corria-me nas veias e aumentava de casa vez que eu olhava para as armas que eles lhe apontavam. Cerrei o maxilar, colocando a minha arma a postos e num abrir e fechar de olhos, já estava a disparar.

Depois de ouvir o primeiro disparo a primeira coisa que mudou em mim foi os meus olhos. Eles arregalaram-se de tal maneira que eu pensava mesmo que tinha morrido, mas não, eu não sentia dor nem estava a ver o céu por ter caído. Quem tinha caído tinham sido mesmo eles. Olhei para baixo subindo depois o olhar para Brad e engoli em seco.
-Preciso de ir ver o Ben - murmurei voltando a caminhar para o sítio onde ele estava escondido.

Não tinha demorado mais do que meros segundos a matá-los aos dois, p facto de terem sido apanhados despercebidos tinha ajudado bastante. Fechei as mãos em punho, sentindo-me estremecer com toda a adrenalina que me preenchia corpo. Estava a acalmar-me, pronto para o encarar quando o ouvi dizer que ia ver Ben e abri os olhos de repente, juntando as sobrancelhas.
- Daniel, espera.- chamei, dando uma corrida até ele, ainda estava a suar por todos os lados.- podes parar um bocadinho e olhar olhar para mim? - pedi enquanto tentava pará-lo. Se bem o conhecia, e estava completamente desnorteado, em choque, o que também não era para menos.

Parei de repente quando já estava perto da casa abandonada onde estava Ben. Estava a respirar tão lentamente que até me preocupava se estava mesmo a respirar. Levantei o olhar para Brad depois dele chegar ao pé de mim mas logo olhei para a casa - e se eles o encontraram? - perguntei. Acho que até o meu coração tremia.

Quando finalmente consegui alcançá-lo, já ele tinha parado, muito perto da casa onde Ben estava. Olhei-o, levantando as sobrancelhas quando não consegui perceber se estava a respirar ou não e ia abaná-lo assim que falou. Estaquei, tal como tinha acontecido quando vi Daniel com duas armas apontadas à cabeça, e o meu coração disparou num compasso frenético.
- Não.- abanei muito a cabeça.- o Ben está ali dentro.- murmurei, começando a andar para lá num passo rápido.- tem de estar.

Ainda demorei um bocado a voltar a andar, indo atrás de Brad até ao sítio onde Ben vivia. Onde quer que estivessem estado, eles estavam muito perto. Mordi o interior da bochecha com o meu coração a saltitar e os meus olhos quase a abarrotar e só me consegui acalmar quando, ao entrar naquela casa quase a cair de podre, o vi debaixo da cama.

Eu sei que no início me tinha ''oposto'' a trazermos Ben connosco, mas agora, agora que me tinha afeiçoado a ele, mataria quem fosse preciso só para o proteger. E mataria também quem lhe fizesse mal, tal como acontecia com Daniel. Danie, Ben e o meu avô, eram tudo o que eu tinha. Olhei para trás, apesar de não conseguir ver nada devido aos nervos que sentia, e continuei a caminhar até à casa, entrando de rompante. Se ele não estivesse lá, se eles lhe tivessem feito alguma coisa..E foi então que vi Ben debaixo da cama, o meu coração acalmou parcialmente.
- Ben..- murmurei, sentindo-me mais do que aliviado por ele estar ali e aproximei-me da cama, ajoelhando-me junta da mesma.- anda cá, está tudo bem.- disse, esticando os braços para ele. Precisava de o abraçar, precisava de ter a certeza de que ele estava mesmo bem e ali connosco.

Encostei-me à porta vendo Ben sair debaixo da cama e ir logo ter com Brad quando o chamou, abraçando-o assustado e a chorar. Passei as mãos pela cabeça de olhos fechados tentando parar de pensar. A minha cabeça estava a pensar muito eu já nem percebia o que é que eu próprio pensava. Aproximei-me deles quando me senti ligeiramente mais calmo, pelo menos não o tinham levado, e coloquei-me de joelhos sentindo-o também agarrar-se ao meu pescoço. - Pronto, tu estás bem - murmurei dando-lhe festinhas no cabelinho.

Só descansei quando realmente senti Ben nos meus braços, só aí me apercebi de que ele estava mesmo ali connosco, que estava bem. Levantei-me com ele ao colo, apertando-o nos meus braços e juntei as sobrancelhas mal ouvi o seu choro.
- Shh.- murmurei, deslizando as mãos pelas suas costas.- está tudo bem.- disse baixinho e desviei o olhar para Daniel, vendo-o vir até nós e Ben agarrar-se a ele também. Deixei que subisse para o seu colo, mas não parei de lhe afagar as costas.- sim, está tudo bem, já passou.

Quando Ben finalmente se acalmou ele sentou-se no chão com um beicinho triste e eu dei-lhe festinhas no cabelo - olha o que o Brad trouxe - olhei para a cama onde estavam a comida e ele atirou-se logo para lá. Mordi o lábio por estar cheio de fome e acabei mesmo por me sentar. Isto não dava para ser assim, eu já não conseguia aguentar mais isto, não sabia o que era preferível ainda não ter morrido, ou ainda estar vivo.

Fiquei a olhá-los, soltando um suspiro quando Ben finalmente se conseguiu acalmar, mas ficou com um beicinho. Passei uma mão pelo cabelo, meio desesperado por não saber o que fazer, mas Daniel tratou logo disso. Deixei que falasse, sorrindo ao de leve ao ver Ben saltar logo para a cama e fui sentar-me ao pé de Daniel, passando as pontinhas dos dedos pelo seu braço e depois, encostei a cabeça no seu ombro sem dizer nada.

Olhei para Brad quando encostou a cabeça ao meu ombro, ficando todo torto e encostei a minha à dele beijando-lhe muito ao de leve a cabeça. - Quando é que me tiram daqui? - não sabia o que é que ele andava a fazer mas o inglês dele estava muito melhor.
-Quando tivermos uma pausa - disse-lhe com um sorriso meio forçado - já não deve faltar muito.

Sorri muito ao de leve quando senti o beijinho de Daniel na minha cabeça e deixei-me ficar encostado a ele. Não era que estivesse propriamente com vontade de sorrir, mas era ele, era inevitável. Desviei depois o olhar para Ben quando falou e juntei ambas as sobrancelhas, soltando um suspiro baixo. Já não devia demorar muito até que eu tivesse umas férias, mas não ia sair dali sem Daniel, nem que me obrigassem.
- Sim.- acabei por dizer.- está quase pirralho, só tens de ser forte e aguentar mais um bocadinho, está bem?

Ainda gostava de saber como é que saia dali sem ter férias, o mais provável era ter de deixar que Brad fosse com Ben, era o melhor se eu não conseguisse ir. Olhei-o sem dizer nada do que estava a pensar e apesar de saber que Ben estava ali não consegui não lhe dar um beijo nos lábios, eu precisava mesmo de conforto humano.
-Vai ser rápido.
-Vou ficar sozinho? - perguntou baixinho.