Iraque

Olhei em volta sentindo todos os meus sentidos ficarem ainda mais apurados quando ouvi um grito que parecia ver de Brad e assim que percebi que ia na direcção certa continuei a andar vendo-o sentado a poucos metros do acampamento. Parei sem saber o que dizer e depois passei as mãos pelo cabelo.
-O que é que estás a fazer já de pé? - perguntou a enfermeira que tinha curado de mim e que à vezes me trocava o penso. Eu fiz-lhe gestos de maneira a que ela percebesse que não podia explicar e ela assentiu com o sobrolho franzido. Engoli em seco começando a andar na direcção de Brad e mordi o lábio quando lá cheguei.
- Eu estava a dormir eu não fiz nada - disse logo antes que ele fizesse alguma coisa.

Eu nunca me tinha sentido assim, o meu coração estava prestes a sair-me do peito, a minha respiração estava ofegante e eu estava tão nervoso que todo o meu corpo tremia. Isto não tinha comparação nenhuma às outras vezes, quando Daniel dizia qualquer coisa sobre as outras raparigas, desta vez eu sentia-me bem pior. Comecei a ouvir passos na minha direcção e mesmo depois de ouvir a sua voz, não levantei o olhar.
- O que é que estás aqui a fazer? - apertei ainda mais os meus cabelos.- pareciam estar a divertir-se.

Sentia o meu coração tão apertadinho que mal conseguia respirar, ainda estava pior de quando tinha levado o tiro. Engoli em seco ao ver o estado dele e fiquei um pouco afastado, sabe-se lá o que é que ele fazia se eu me aproximasse, ele estava tão furioso...
-Mas eu não fiz nada - engoli em seco - eu juro que não fiz nada. - voltei a dizer- eu estava a dormir.. - era impressionante, nem sabia o nome da gaja e ela já tinha feito porcaria e das grandes. Eu já suava por todos os lados só com medo que ele ficasse chateado comigo durante muito mais tempo com uma coisa onde eu não tinha feito nada. - Eu juro.. - continuei.

Eu sabia que ele estava a falar, eu conseguia ouvir alguns barulhos, mas da forma como eu estava, não assimilei uma palavra que fosse. Eu ia matar aquela gaja, ia ser a primeira, mas eu ia mesmo matá-la, eu não conseguia sequer imginar o que era olhar para a sua cara todos os dias, por isso, matá-la parecia-me mais do que conveniente.
- Ela gostou de ti.- soltei um risinho nervoso.- já viste? Ganhaste uma admiradora.- afastei as mãos do meu cabelo, cerrando o maxilar.- se virmos bem as coisas, ganhaste o companheiro de tenda melhor do que eu que tanto querias.- voltei a agarrar-me ao meu cabelo, eu ia mesmo ficar careca.- devias aproveitar.- a sério Daniel, para bem da minha saúde, não o faças.- ela pareceu gostar do que viu.- comecei a suar por todos os lados.- e tocou.- completei, puxando o meu cabelo.

Eu acho que ele não tinha ouvido nada do que eu tinha dito, mas eu ia repeti-lo vezes e vezes sem conta até ele acreditar e se isso não acontecesse... bem.. se isso não acontecesse eu ia mesmo fazer a minha segunda vitima e desta vez não era com um tiro na cabeça, era com tiro em todas as articulações daquela gaja até ela não aguentar de dores e morrer. Ele.. ele estava tão mal, eu nem consegui dizer nada enquanto ele só dizia estupidezes. Aproximei-me devagarinho até lhe agarrar nas mãos que puxavam o deu cabelo e fiz com que ele o largasse, eu gostava do cabelo dele, não queria que ele ficasse careca. Fiquei a agarrar-lhe nas mãos e levei uma mão ao seu queixo para que ele olhasse para mim - eu não quero nenhum companheiro de tenda melhor que tu. - engoli em seco.

Eu estava com a ligeira impressão que ia começar a chorar de tantos nervos que sentia. Já tinha o corpo dormente, era como se estivesse anestesiado pela raiva. Sustive a respiração assim que senti o toque d Daniel, mas não fiz nada, deixando que me afastasse as mãos do cabelo, até lhe agradecia por isso, não queria mesmo nada ficar sem ele. Olhei-o durante uns segundos, quando me tocou no queixo, mas logo voltei a baixar o olhar.
- Ela tocou-te.- cerrei o maxilar.- ela tocou-te como eu faço.- o meu tom de voz eleveou-se ligeiramente.- eu vou matá-la.- proferi, abanando a cabeça.- vou cortar-lhe os pulsos e vou..eu vou..- fechei as mãos em punho.- eu vou matá-la.

Juntei as sobrancelhas ficando à frente dele, apenas a olha-lo. Eu nunca o tinha visto assim e sinceramente esperava não o ver mais. Agora quem tinha ciúmes era ele, e ele estava bastante mal. Preferia não o pôr com ciúmes. Estremeci quando ele elevou o tom de voz mas rapidamente me aproximei e assim que começou a ameaçar mata-la, apesar de não ser má ideia, abracei-o encostando a cabeça dele ao meu corpo e a minha cabeça à dele.
-Tem calma - murmurei - eu juro que ela não volta a aproximar-se de mim - disse-lhe baixinho.

Era isso, eu ia matá-la de uma forma dolorosa. Primeiro os pulsos, por ter tocado nele, depois os olhos, por ter sequer olhado, depois a boca por ter falado e o que sobrasse, iria ser alvo de vários tiros. Ela iz morrer aos bocados, e eu ia deliciar-me com isso. Fechei os olhos mal senti o meu corpo encostar-se ao de Daniel e sem pensar duas vezes, abracei-me a ele, apertando a sua camisola nas minhas mãos.
- Eu não quero que ela te toque como eu faço.- cerrei o maxilar.- só eu é que toco assim.- apertei-o contra mim.- só eu.

Suspirei fechando os olhos e passei os dedos pelo seu cabelo, dando-lhe festinhas, porque eles já tinham sofrido muito hoje. Desta vez, quando ele começou a falar, sorri levemente assentindo com a cabeça.
-Ela nunca mais me vai tocar- encostei-me completamente ao seu corpo quando me apertou e encostei a minha testa à dele. - Agora acalma-te - murmurei, tanto ele como eu tínhamos que nos acalmar se queríamos voltar àquela tenda.

Se antes tinha todo o meu corpo dormente, começava agora a senti-lo graças às festinhas que ele me fazia no cabelo. Soltei um suspirinho agradado e senti-me ficar muito mais satisfeito quando ele garantiu que ela não voltava a tocar.
- Se ela se aproximar sequer, eu juro que ela vai preferir não ter nascido.- resmunguei, levantando o olhar quando ele me pediu que me acalmasse. Só havia uma maneira de o fazer. Entreabri os meus lábios, esticando a cabeça, e procurei pelos seus.

Soltei um risinho, foi inevitável, agora que ele estava mal calmo já era mais engraçado, se bem que decidi calar-me logo a seguir antes que ele se passasse de novo. Desta vez só o queria acalmar. Fechei os olhos mal senti o meu nariz roçar-se no seu, quando ele se esticou e baixei-me até o beijar, deixando uma mão no seu cabelo e outra na sua cara.

Assim que senti os seus lábios nos meus foi como se tudo passasse de repente, aquilo resultava mesmo, tal como eu já sabia. Visto que desta vez tínhamos invertido os papéis, também eu estava mais baixo do que Daniel. Ri-me contra os seus lábios, ao aperceber-me disso e rodeei o seu pescoço com os meus braços, puxando-o o mais que consegui para mim, enquanto o beijava. Encostei a minha testa à sua assim que o beijo cessou ecsoltei um suspiro.
- Eu não quero voltar para lá.- lamentei-me.- não quero olhar para cara horrorosa dela.

Sorri quando o ouvi rir e encostei-me a ele fechando os meus olhos enquanto sentia o seu cheirinho. Eu acho que já não conseguia estar sem ele, esta era a sensação mais estranha que eu já tinha tido em toda a minha vida, mas era verdade, já não conseguia estar sem ele.
-Não precisas de olhar, tens alguém mais giro ao teu lado -fiz um sorriso todo convencido rindo-me baixinho. - Ela é traiçoeira, não percas as estribeiras comigo.

Voltei a encostar-me a ele, escondendo a minha cara na curva do seu pescoço e fechei os olhos com um suspiro satisfeito. Desde há uns tempos par cá acho que ele se tinha tornado na única pessoa capaz de me acalmar, ou melhor, talvez ele fosse a única pessoa que eu queria que o fizesse. Não resisti em dar-lhw um beijinho no pescoço e ao ouvi-lo falar, voltei a levantar o olhar para ele, sorrindo com o que disse.
- Sendo assim vou olhara ti princesinha.- disse e antes que ele ficasse chatedo, estiquei-me sté lhe dar um beijinho no queixo, suspirando com o que ele disse depois.- eu não perco.- murmurei.- a única pessoa com quem vou perder é com ela.- abanei a cabeça.- só me apetece matá-la, a ela e à Karen.- abracei-me o seu corpo.

O meu corpo arrepiou-se todo e foi só um beijo no meu pescoço, não foi mais do que um. Passei os dedos pelo seu cabelo afastando-me depois antes que me atirasse ali para cima dele e revirei-lhe os olhos quando me chamou de princesinha, eu tinha que me habituar porque já tinha percebido que ele não ia parar de me chamar isso, mas era irritante.
-Não percas com a Karen, ela ainda é capaz de te mandar para uma missão suicida - arrepiei-me todo desta vez com o pensamento mau e abracei-o com força encostando a cabeça ao seu ombro.

Ao ver a sua pele arrepiada não consegui evitar um sorrisinho todo maroto, era bom saber que o conseguia meter daquela forma. Deixei que se afastasse, ficando a olhá-lo e quando falou na Karen, foi a minha vez de revirar os olhos. Só de me lembrar da nossa conversa, sentia a raiva voltar toda de uma vez.
- A outra só está na nosaa tenda por causa dela.-murmurei.- ela fez de propósito.- disse, abanando a cabeça e antes de poder dizer fosse o que fosse, senti-o abraçar-me com força. Encostei-me ao seu corpo, abraçando-o também e afaguei-lhe as costas.- tem calma, eu vou tentar não lhe fazer nada.- garanti.

Suspirei quando ele disse que a outra estava na tenda por causa dela e dei-lhe um beijinho na testa inconscientemente, mas eu já nem ligava ao que fazia, se me sentia bem assim, nem queria saber.
-Apenas não faças nenhum disparate - disse baixinho, com a raiva que a Karen andava desde que tinha ouvido o que Brad tinha dito era bem capaz de o tentar assustar para ele ganhar juízo, o que eu tinha mais medo era se isso isso acabá-se mal. Fiz cara de mau com o que ele disse afastei-me com a mesma expressão - tu não vais tentar, vais conseguir - disse-lhe.

Sorri ao sentir o seu beijinho na minha testa e cheguei o meu corpo mais para o seu, voltando a esconder a minha cara no seu pescoço. Para além de ser mais quentinho ali, conseguia sentir melhor o seu cheirinho daquela forma. Assenti com a cabeça quando me pediu que não fizesse nenhum disparate e deixei-me ficar calado a sentir o seu quentinho no meu corpo. Resmunguei baixinho assim que ele se afastou e fiquei a olhar para a sua cara de mau, levantando ligeiramente as sobrancelhas.
- Está bem, eu vou conseguir.- puxei-o de novo para mim.- não precisas de te irritar princesinha.- ri-me baixinho.

Semicerrei os olhos quando ele voltou a chamar-me de princesinha e dei-lhe uma chapadinha sem qualquer força afastando-me antes que ele se quisesse vingar - anda, vamos para a tenda - disse começando a ir em direcção à mesma, apesar de não querer mesmo nada. Aquela gaja ia pagar tanto pela forma como tinha deixado Brad, ia mesmo. Fiz uma careta com os meus próprios pensamentos, eu não era vingativo mas aquela gaja tinha conseguido irritar-me. Arregalei os olhos quando a enfermeira me apareceu à frente e não consegui ficar sem rir quando vi o seu olhar a mandar-me para a cama.

Semicerrei-lhe os olhos quando senti a sua chapadinha na minha cara, mas nem disse nada, eu já não me chateava com aquele tipo de coisas. Agora a única coisa que me chateava realmente era aquela gaja e a forma como olhava e tinha tocado em Daniel. Levantei-me assim que ele disse para irmos para a tenda e soltei um suspiro, cruzando os braços ao peito enquanto caminhava.
- Podíamos a acampar cá fora, ao menos assim não tínhamos de olhar para a cara dela.- resmunguei, calando-me assim que a enfermeira apareceu à nossa frente. Arregalei ligeiramente os olhos com o olhar que ela lançou a Daniel, mas rapidamente percebi.- devias estar na cama, não era? - suspirei.- a culpa foi minha, mais uma vez.

Cada vez estávamos mais próximos da nossa tenda e tinha a certeza que a gaja estava lá, só esperava que ela nem abrisse a boca porque se não quem a ia matar era eu.
-Eu sei, mas não podemos - disse puxando-o para que viesse atrás de mim e mordi o interior da minha bochecha quando ele percebeu que devia estar na cama. Nem disse nada, apenas revirei os olhos - cala-te - disse apenas com um abanão de cabeça e respirei fundo antes de entrar, ia ser directo e ir para a minha cama, mas a gaja estava lá. -Sai daí - cerrei o maxilar.

Limitei-me a encolher os ombros, estava a começar a ficar irritadiço de novo, só de imaginar a gaja na nossa tenda dava-me a volta ao estômago. Segui sempre atrás de Daniel e assim que entrámos na tenda, senti o meu coração disparar de novo.
- O que é que pensas que estás aí a fazer? - perguntei de maxilar cerrado.- sai daí, percebes? Chegaste depois, não tens de ocupar o nosso espaço.
- Mas..- ela olhou-me.- eu ainda não tenho uma cama.- revirei os olhos, fechando as mãos em punho, eu sabia muito bem o que ela queria.
- Podes ir para a minha.- disse secamente.- eu fico com ele, agora, sai daí, não volto a repetir.

Ia voltar a pedir-lhe para que saísse quando ouvi Brad. Já devia estar à espera, mas acabei mesmo por abrir um pouco os olhos desviando o olhar para ele. Suspirei baixinho com a minha cabeça a doer. Eu queria que aquela gaja desaparecesse, ela tirava qualquer um do sério. Cerrei o maxilar mais uma vez e com bastante força quando ela sorriu mal o Brad disse que ela podia ir para ir para a cama dele e ia dar-lhe uma cotovelada senão tivesse medo de o magoar. Com a raiva que tinha era capaz de descarregar em qualquer um. Vi-a mudar da minha cama para a dela e tirei-me a minha mala vendo-a olhar-me toda chocada.
-É minha - disse entre dentes puxando Brad para que se deitasse primeiro visto que ele era maior.

Olhei pelo canto do olho para Daniel quando perceb ique não tinha ficado lá muito contente com a minha sugestão e juntei as sobrancelhas. Eu só queria mantê-los afastados o máximo que consegui e pelo menos assim podia dormir com ele. Deitei-me na cama assim que ele me puxlu e não consegui não revirar os olhos face à descaradeza daquea gaja, ela não era real, é que só podia ser isso. Esperei que Daniel se dietasse ao pé de mim e aproximei a minha boca do seu ouvido meio a medo.
- Não fiques chateado.- sussurrei, para que ela não nos ouvisse.- eu estou aqui contigo.

Deitei-me devagarinho fazendo uma careta e ajeitei-me na cama, e ela já era pequena para mim, então para nós os dois isto ainda era pior. Eu sei que já tínhamos dormido juntos, mas o facto de ela estar ali e ainda por cima a ser uma completa descarada estava a irritar-me em todos os aspectos. Fechei os olhos ao sentir boca de Brad tão perto do meu ouvido e apenas assenti com a cabeça encostando a mesma ao seu peito ficando a fazer desenhos só com um dedo.
-Isto é muito desconfortável - queixou-se.